Atenção à dieta de portadores de HIV ainda é insuficiente, revela pesquisa da FSP

Alimentação deve receber atenção especial, pois pacientes podem estar sob maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares e outras moléstias crônicas.

Paloma Rodrigues / Agência USP de Notícias

A alimentação de adolescentes portadores do vírus HIV é bastante similar à dieta seguida por aqueles que não tem o vírus. Ambos os grupos apresentam baixo consumo de cereais integrais e o consumo excessivo de sódio e açúcares. A pesquisa, realizada pela nutricionista Luana Tanaka, na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, pontua que os jovens com HIV/Aids têm de receber uma atenção especial na parte nutricionística de seu tratamento, pois eles podem estar sob maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares e outras moléstias crônicas. Segundo a nutricionista, a alimentação ainda é deixada de lado pelos adolescentes.

Foram entrevistados 88 pacientes entre 10 e 19 anos, que responderam a dois recordatórios de 24 horas, aplicados em momentos distintos, detalhando todos os alimentos que haviam consumido no período. A análise da qualidade da dieta se deu por meio do Índice de Qualidade da Dieta (IQD-R), desenvolvido nos Estados Unidos e adaptado para ser utilizado no Brasil. O índice consiste em 12 itens que contemplam aspectos de uma dieta saudável.

Dessa maneira, Luana calculou a pontuação para a dieta de cada um dos adolescentes. A média geral foi de 51,90 pontos. “É um valor baixo considerando que a pontuação do IQD-R varia de zero a 100 pontos. Mas também podemos observar que é um valor bastante próximo da média dos adolescentes da população geral (sem o vírus), que gira em torno de 50 pontos”, diz a nutricionista.

Similaridade

Quanto a similaridade entre as médias dos grupos, Luana diz que ficou claro que os pacientes com HIV passam pelos mesmos problemas e desafios decorrentes da idade que qualquer outro jovem que não tem o vírus.

“A experiência nos mostrou que eles são adolescentes que passam pelos mesmos problemas que os outros jovens da população geral. A maneira como eles reagem ao que acontece ao seu redor também é a mesma”, diz ela, exemplificando com os hábitos alimentares, a baixa frequência com que realizam exercícios físicos e o consumo excessivo de alimentos ricos em açúcar e gorduras.

A pesquisa faz parte do estudo “Qualidade de vida e sua relação com o curso de vida de crianças e adolescentes portadores de HIV/AIDS”, comandado pela médica infectologista Heloísa Helena de Sousa Marques, do Instituto da Criança (ICr) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e pela professora Maria do Rosário Dias de Oliveira Latorre, da FSP. Os pacientes que participaram da pesquisa são acompanhados no Instituto da Criança (ICr) do HC.

O grupo ainda considera pouca a atenção dada à alimentação desses pacientes. “Eles são tratados com medicamentos antirretrovirais, que podem levar ao aparecimento de alterações metabólicas, como a elevação do LDL-colesterol (colesterol ruim) e a redução do HDL-colesterol (colesterol bom). Assim, o acompanhamento nutricional se torna uma medida importante na prevenção desses distúrbios”, afirma Luana. Ela ressalta a importância da orientação nutricional por parte da equipe multiprofissional no tratamento dos portadores do HIV.

Mais informações: email luanaft@usp.br

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