Demora no diagnóstico facilita disseminação da tuberculose, revela estudo da EERP

Sob a orientação da professora Tereza Cristina Scatena Villa, Aline realizou o estudo "Tempo de busca do primeiro serviço de saúde e o diagnóstico da tuberculose relacionado ao doente", realizado entre 2010 e 2012, na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP.

Mariana Melo / Agência USP de Notícias

Pacientes com tuberculose demoram cerca de 15 dias para ir a um serviço de saúde. A exposição do doente neste intervalo, entre a percepção dos sintomas e a busca pelo atendimento, pode facilitar a disseminação da doença. “Quando a tuberculose é diagnosticada, o paciente recebe medicações que diminuem a possibilidade de contaminação de outras pessoas”, destaca a enfermeira Aline Beraldo.

Sob a orientação da professora Tereza Cristina Scatena Villa, Aline realizou o estudo Tempo de busca do primeiro serviço de saúde e o diagnóstico da tuberculose relacionado ao doente, realizado entre 2010 e 2012, na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP.

O trabalho insere-se no projeto multicêntrico “Retardo no Diagnóstico de Tuberculose: análise das causas em diversas regiões do Brasil”, que faz parte do Grupo de Estudos Epidemiológico Operacional em Tuberculose (GEOTB), liderados pela professora Tereza e pelo professor Antônio Ruffino Netto, do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. O grupo produz pesquisas de avaliação de serviços de saúde que fazem acompanhamento da doença e ajuda a desenvolver políticas para controle da tuberculose no país.

Questionário

Aline submeteu 94 pacientes com tuberculose a um questionário. O formulário, criado em conjunto com o GEOTB, levantava dados sociodemográficos, hábitos de saúde, frequência com que os pacientes iam ao médico antes do diagnóstico da doença, se já haviam visto alguma campanha sobre o assunto, se a tuberculose foi detectada na primeira ida ao atendimento de saúde e, principalmente, quanto tempo demoraram para procurar atendimento desde que perceberam que estavam doentes. Uma parte deste questionário averiguava se os profissionais de saúde fizeram perguntas a respeito das pessoas que estiveram no convívio do doente, ou se submeteram-nas a exames, ainda que essas pessoas não apresentassem sintomas.

Além disso, verificou-se dados epidemiológicos do site TBWeb, que faz parte do Centro de Vigilância Epidemiológica Professor “Alexandre Vranjac”, da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. O sistema, restrito a profissionais da saúde, faz um controle de pacientes com tuberculose. A pesquisadora também recolheu informações referentes à doença em prontuários, para determinar qual tipo de tuberculose o paciente tinha, exames que havia realizado e se existia alguma doença coexistente.

Os pacientes avaliados fizeram seus diagnósticos em Unidades de Atenção Básica e Saúde da Família (UAB), Serviços Especializados (SE), como hospitais, e Serviços de Pronto Atendimento (SPA). Os dados apontaram que somente 25% dos entrevistados levaram até 7 dias para se consultar, chegando a casos em que o paciente levou 30, 60 ou até 1.095 dias, como foi relatado por um paciente.

Para diminuir a demora em reconhecer a tuberculose, a enfermeira sugere campanhas de saúde para esclarecer a população. Os sintomas clássicos da tuberculose, como tosse, emagrecimento, dores nas costas, febre não muito alta e secreção podem confundir tanto profissionais da saúde quanto portadores da doença. Durante as campanhas sazonais de esclarecimento, o número de diagnósticos cresce, porém, diminui assim que as campanhas saem do ar. Aline sugere melhorar a capacitação de profissionais para detectar os casos suspeitos nas unidades de atendimento e nas comunidades e reforça “É importante que haja a identificação dos casos precocemente com o intuito de interromper a cadeia de transmissão”.

Mais informações: email li_aab@yahoo.com.br, com Aline Beraldo  

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