Equipe de saúde deve se preparar para atender queimados, revela estudo da EERP

Pesquisa da EERP aponta deficiência de equipes de saúde nos primeiros socorros a vítimas de queimaduras.

Camila Ruiz / Assessoria de Imprensa da EERP

Pesquisa na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP revelou a necessidade de melhor preparo de equipes de saúde de pronto atendimento para os primeiros socorros a vítimas de queimaduras. Após os acidentes, os pacientes comentaram que os profissionais de saúde não sabiam como proceder nesses casos, o que só se resolveu após estarem internados em hospital especializado.

O estudo da enfermeira Flávia Mestriner Botelho reafirma a necessidade de especialização e melhor preparo da equipe profissional para receber pacientes em casos que exigem não só um cuidado do corpo queimado mais adequado e diferenciado dos casos comuns, como também um atendimento voltado para o preparo psicológico daquela pessoa que sofreu um grave trauma, como o da queimadura. “A maneira como o paciente é recebido pela equipe de atendimento é essencial na aceitação da nova condição corporal e na aderência ao tratamento da queimadura”, alerta a Flávia.

A enfermeira lembra que pessoas que passam pelo trauma da queimadura e ficam com sequelas aparentes em seu corpo lidam, desde o momento do acidente, com situações de dores, afastamento da família e amigos, olhares e perguntas curiosas, e a possibilidade de não voltar mais a trabalhar.

A pesquisadora observou e entrevistou dez pacientes internados em processo de reabilitação na Unidade de Queimados da Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP. Esta Unidade é centro de referência em tratamento e reabilitação de pacientes que sofreram queimaduras e recebe os casos mais graves de todas as partes do Brasil.

O objetivo da pesquisa foi avaliar se essas pessoas estariam preparadas, física e mentalmente, para retornar à sociedade e conviver com os estigmas que cercam aqueles que não estão nos padrões estéticos atuais.

Segundo Flávia, os pacientes entrevistados, por estarem em reabilitação, trouxeram o relato de sua experiência da queimadura dentro e fora do ambiente hospitalar. Dentre eles, a maioria sofreu queimadura devido a acidentes de trabalho, tem pouca escolaridade e, logo após o acidente, deixou de trabalhar devido às sequelas. Entre os acidentes estão choque elétrico, produto químico, vapor quente, álcool e fogo, agente químico, chama direta e água fervente.

O suporte da família e a fé foram os relatos que mais apareceram como instrumento de amparo e suporte a essas vítimas, tanto em relação à imagem corporal, quanto em relação às dores. Já a maior dificuldade relatada pelos entrevistados esteve em voltar à rotina e conseguir entrar novamente no mercado de trabalho. “A importância dada pela maioria dos pacientes no que se refere ao trabalho é um dos fatores impactantes na entrevista. Para a pessoa com muitas cicatrizes, não poder mais trabalhar, como é o caso das que foram analisadas na pesquisa, corresponde à privação da normalidade”, afirma.

A dissertação Corporalidade e Estigma: Estudo qualitativo com pacientes em reabilitação de queimaduras foi orientada pela professora Maria Cristina Silva Costa, da EERP, e defendida em dezembro de 2012.

Mais informações: (16) 3602-0378

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