Mortes por tuberculose poderiam ser evitadas, diz estudo da EERP

Pesquisa realizada no Maranhão aponta que sistema de saúde do Estado tem recursos para zerar taxa de mortes.

Marcela Baggini / Serviço de Comunicação Social da Prefeitura do Campus de Ribeirão Preto da USP

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Pesquisa realizada pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP com números de saúde do Estado do Maranhão constatou que mortes por tuberculose pulmonar poderiam ser evitadas e aponta áreas de maior incidência e formas de controle da doença. De acordo com o estudo do farmacêutico Marcelino Santos Neto, o sistema de saúde do Estado tem recursos para zerar a taxa de mortes. O trabalho indica quais áreas têm maiores índices de mortalidade pela doença na capital maranhense, São Luís.

De acordo com Santos Neto, os reflexos da insuficiência de políticas de desenvolvimento e bem-estar social também podem ser medidos pelas taxas de mortalidade por tuberculose pulmonar, que estão presentes, principalmente, nas áreas menos favorecidas do país. “A morte por tuberculose pulmonar é algo injustificável, uma vez que os sistemas de saúde possuem todos os recursos necessários para evitá-la”, afirma o pesquisador.

Após análise dos óbitos por tuberculose pulmonar (TBP) em São Luís, capital do Maranhão, a pesquisa aponta áreas com maior índice de mortalidade entre 2008 e 2012. Considerada como uma doença que emerge das mazelas sociais, como ausência de atendimento à saúde e recursos hospitalares, a presença da TBP em uma comunidade, de acordo com Santos Neto, reflete a insuficiência das políticas de desenvolvimento e bem-estar social, apresentando maior impacto em grupos, vivendo situação de vulnerabilidade social.

Foto: Wikimedia Commons
Foto: Wikimedia Commons

Com os dados coletados no Sistema de Informação sobre Mortalidade da Secretaria Municipal de Saúde (SIM-SEMUS) de São Luís, foi possível traçar o perfil dos pacientes que morreram pela doença. No período entre 2008 e 2012, foram registradas 193 mortes por TBP, aproximadamente uma taxa de mortalidade anual de 3,58 óbitos por 100 mil habitantes. O levantamento revelou que a maioria (73,6%) era composta por homens com idade média de 52 anos; 53,13% eram solteiros e 68,91%, da cor parda. A pesquisa também mostra que 74,08% morreram no hospital.

“A tuberculose está entre as dez principais causas de morte por doenças infecciosas no mundo, especialmente em países em desenvolvimento, como o Brasil”, afirma Santos Neto. Estudos sobre a doença, diz, vêm sendo estimulados a fim de detectar falhas nos sistemas locais de saúde, bem como traçar o perfil do paciente e acompanhá-los em diferentes situações. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma meta de reduzir em 95% os óbitos por TB até 2035, meta essa também assumida pelo Brasil”.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Outros resultados da pesquisa são a indicação de áreas prioritárias para investimentos em tecnologias de saúde e o perfil de população fatalmente atingida pela doença e descrever também o perfil dessa população como um todo. “As evidências presentes nesse estudo são importantes e devem ser consideradas em termos de gestão e organização dos serviços de saúde para a equidade no acesso.”

A tese Análise espacial e espaço-temporal dos óbitos por tuberculose pulmonar e sua relação com indicadores sociais em São Luís – MA, foi defendida na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, em 2014, sob orientação do professor Ricardo Alexandre Arcêncio. Foi ainda selecionada entre os 100 melhores trabalhos, dentre 1900 inscritos, da 45ª Union World Conference on Lung Health, realizada em novembro do ano passado em Barcelona.

Mais informações: (99) 98137-3510; email marcelinosn@gmail.com

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