Estudo vai investigar uso da estimulação cerebral como alternativa a antidepressivos

Estudo investigará se o efeito da estimulação transcraniana é corresponde ao medicamento contra depressão.

Hérika Dias / Agência USP de Notícias

Buscar um tratamento para o Transtorno Depressivo Maior (TDM), conhecido como depressão, sem uso de remédios. Esse é o objetivo de cientistas da USP que pretendem comparar se a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) e os antidepressivos têm efeitos semelhantes. A ETCC é uma técnica de estimulação cerebral não invasiva. Consiste na aplicação de uma corrente elétrica contínua de baixa intensidade no córtex cerebral, por meio de eletrodos implantados na cabeça, para aumentar a atividade elétrica de áreas do cérebro que são mais baixas em pessoas com depressão.

A pesquisa Escitalopram e estimulação transcraniana por corrente contínua no transtorno depressivo maior, que tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), é desenvolvida no Hospital Universitário (HU) da USP e envolve o Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e o Instituto de Psicologia (IP) também da USP.

Se a eficácia da ETCC for similar ao antidepressivo, poderá ser adotada como nova terapia. “Isso poderia trazer um impacto importante nos tratamentos clínicos, pois a estimulação transcraniana é uma alternativa segura e eficaz. Ela atua apenas na áreas cerebrais relacionadas à depressão, como o córtex dorso-lateral pré-frontal esquerdo. Ao contrário do medicamento, que age não só no local necessário como também em todo o corpo, aumentando as chances de efeitos colaterais”, explica Andre Russowsky Brunoni, médico psiquiatra e coordenador do Serviço de Neuromodelação do Instituto de Psiquiatria do HC e do HU.

Outra vantagem da ETCC, apontada pelo médico, é o fato de ser uma técnica barata, de fácil uso e portátil. E para comparar a eficiência da estimulação com corrente elétrica, será utilizado o antidepressivo escitolopram. “Trata-se de um medicamento de última geração no tratamento contra a depressão disponível hoje no mercado”, afirma Brunoni.

De acordo com o estudo, a depressão é um quadro psiquiátrico comum, com uma prevalência de cerca de 15% ao longo da vida e uma incidência de cerca de 5% ao ano. Ela atinge duas a três vezes mais mulheres do que homens e, na maioria dos casos, se inicia a partir da terceira década de vida. Seus principais sintomas incluem perda de interesse e prazer nas atividades habituais, humor deprimido e pensamentos de culpa e menos valia.

Voluntários

Para a confirmação dos resultados do estudo, os pesquisadores estão recrutando pacientes com depressão. É necessário atender alguns requisitos, como ter entre 18 e 75 anos, apresentar depressão com sintomas (moderada a grave), não utilizar, no momento, o antidepressivo escitalopram e ter disponibilidade para comparecer no Hospital Universitário (HU) da USP por 15 dias consecutivos, excluindo finais de semana.

Os interessados podem encaminhar um email para pesquisacientificahu@gmail.com ou pesquisa.depressao@gmail.com ou ainda se inscrever no site www.cinausp.org/pesquisa.

De acordo com Brunoni, os voluntários serão divididos em dois grupos: um receberá tratamento apenas com o antidepressivo escitalopram e o outro a estimulação transcraniana. Ele destaca que, desde 2009, a técnica tem sido tema de estudos no HU.  ”Apesar de algumas pesquisas piloto mostraram que a ETCC diminui a intensidade dos sintomas depressivos, estudos com populações maiores são necessários para permitir a generalização destes resultados e verificar a eficácia desta intervenção.”

Mais informações: email pesquisacientificahu@gmail.com

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