Graduação em Obstetrícia forma para uma visão ampla da saúde da mulher

A Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) do campus USP Leste é a única instituição do país a oferecer o curso de graduação em Obstetrícia.

O Dia Mundial da Obstetriz foi comemorado no último domingo,  5 de maio. O profissional obstetriz é responsável pelo acompanhamento da saúde da mulher em todo seu ciclo vital, com foco prioritário na atenção à saúde da mulher durante a gravidez, pré e pós-parto. Até o momento, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) do campus USP Leste é a única instituição do país a oferecer o curso de graduação em Obstetrícia.

A graduação em Obstetrícia, porém, não é um curso novo. No início, ela era ministrada na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Mas, com a reforma universitária, passou a ser oferecida na Escola de Enfermagem (EE) da USP, como uma habilitação do curso de Enfermagem.

Em 2005, com a proposta da criação da EACH no campus USP Leste, surgiu também a vontade de recriar a graduação. Segundo  Nádia Zanon Narchi, coordenadora do curso de Obstetrícia da EACH, a ação ia ao encontro de uma tendência mundial: desde 1990 a Organização Mundial de Saúde vinha estimulando uma mudança no modelo de assistência obstétrica, incentivando os países a formar parteiros profissionais. “Um grupo de colegas do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da EE, sabendo dos rumos cada vez mais intervencionistas e medicalizados que o parto estava tomando no Brasil, começou a pensar na Obstetrícia novamente. Como não havia espaço físico na EE, a graduação passou a ser oferecida da EACH ”, conta.

Para a docente, é importante manter o curso de Obstetrícia separado da graduação em Enfermagem porque isso garante a fixação da profissional no mercado de trabalho. “Nem todas querem cursar enfermagem para depois virarem parteiras. O mercado de trabalho exige cada vez mais especialização dos enfermeiros, então esses profissionais fazem mais de uma. Mas nem sempre é possível conseguir emprego naquela habilitação que a pessoa prefere. No Brasil, por exemplo, dados da OMS calculam um déficit de 30 mil parteiras”, explica.

Parto seguro para mãe e bebê

Além de poucas parteiras, os números indicam uma elevada quantidade de cesáreas realizadas no país. Considerando todos os partos, a taxa de cesárea chega a 60%, enquanto a OMS recomenda no máximo até 15%.

“Existe uma visão de que é muito mais cômodo e moderno fazer uma cesárea programada. O parto normal é tido como antiquado. Mas o que nem sempre é dito é que ele não é dolorido, que existem formas de aliviar a dor, farmacológicas ou não, e que dão certo. Além disso, a mulher vai se sentir mais disposta depois do parto. A cesárea é um processo cirúrgico, que abre o abdome,  que traz dor e pode provocar infecções”, diz Nádia.

A cirurgia cesárea pode ainda trazer riscos ao bebê. Segundo a professora, crianças que não nasceram em parto normal apresentam mais problemas respiratórios e com maior tendência à obesidade.

O profissional obstetra é importante não apenas por conhecer os procedimentos do parto normal, mas também na orientação da futura mãe sobre as opções que ela tem para o nascimento de seu bebê.

Atenção multidisciplinar à saúde da mulher

A graduação em Obstetrícia foi organizada com disciplinas teóricas e práticas, com foco na promoção da saúde da mulher. Para isso o curso conta com três eixos: o biológico, o de ciências humanas e um maior, de assistência e gerenciamento na área da obstetrícia. O eixo biológico compreende as seguintes disciplinas: anatomia, embriologia, farmacologia, entre outras. O eixo das ciências humanas é composto por disciplinas estruturantes, que auxiliam o aluno a compreender questões de gênero, de direitos das mulheres e educação em saúde.

Os cuidados de pré-natal, parto e assistência ao parto, urgência e emergência são ministrados no eixo da assistência e gerenciamento. Além dos eixos, integram o curso de obstetrícia as matérias do ciclo básico, comum a todos cursos de graduação da EACH, e horas de estágio obrigatório. “Sabemos que a mulher não pode ser descolada da família, da sociedade e que não fica grávida a vida toda, então temos que oferecer assistência a sua saúde que não seja apenas biomédica”, finaliza Nádia.

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