Odontologia busca transplantados renais para pesquisa

Estudo visa avaliar a necessidade ou não do uso de antibióticos antes da extração de dentes nesse grupo.

A Faculdade de Odontologia (FO) da USP está em busca de transplantados renais que necessitem extrair um ou mais dentes. O objetivo é avaliar se é necessário ou não a prescrição de antibiótico antes da realização de uma extração dentária em pacientes que passaram por transplante de rim.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) somente em 2014 foram realizados 5.648 transplantes de rins no Brasil. Os transplantados renais precisam tomar medicamentos imunossupressores por toda a vida para evitar a rejeição do órgão. Devido a essa condição, eles se tornam mais suscetíveis a infecções virais e fúngicas e costumam ter uma saúde mais fragilizada. Isso geralmente causa receios e medos nos dentistas que preferem indicar, antes da extração dentária, o uso de antibióticos com o objetivo de evitar alguma infecção.

“Porém, não existe nenhuma evidência científica que mostre a necessidade de um transplantado renal com boas condições de saúde utilizar antibiótico antes da extrair um dente”, alerta a professora Marina Gallotini, coordenadora do Centro de Atendimento de Pacientes Especiais (CAPE) da Faculdade de Odontologia (FO) da USP. Para ela, atualmente há uma recomendação excessiva do uso de antibióticos. “O paciente usa uma droga sem necessidade, colabora com a questão do aumento da resistência bacteriana a antibióticos, devido ao seu uso indiscriminado, sobrecarrega órgãos excretores, se expõe ao risco de alergia ao medicamento, e ainda gasta dinheiro “, destaca.

O trabalho está sendo realizado para a pesquisa de doutorado do dentista Rubens Calliento, sob a orientação da professora Marina, no CAPE. Os requisitos para participar da pesquisa são: ser transplantado renal (não importa há quanto tempo) e ter recomendação para extração dentária. O atendimento será totalmente gratuito.

Após a extração do dente, o paciente transplantado será acompanhado durante cerca de 60 dias, onde deverá retornar ao CAPE para ser avaliado pelos pesquisadores e passar por radiografias digitais. Esses pacientes serão comparados ao grupo controle (não transplantados). A ideia é que a pesquisa inclua, no mínimo, 30 participantes.

CAPE

O Centro de Atendimento a Pacientes Especiais (CAPE) foi criado em 1989 com o objetivo de cuidar de pacientes portadores do vírus HIV. Com o passar do tempo, o atendimento foi ampliado e, atualmente, o CAPE realiza atendimento a pacientes com deficiências físicas (doenças do Sistema Nervoso Central, do Sistema Nervoso Periférico, doenças neuro musculares e esqueléticas), deficiências mentais, síndromes de malformação congênita, e doenças sistêmicas (transplantados, doenças auto imunes, insuficiência renal crônica, cardiopatias, diabetes).

Os transplantados renais interessados em participar da pesquisa do dentista Rubens Calliento devem entrar em contato com o CAPE pelos telefones (11) 3091-7838 / 7859 ou email mhcgmaga@usp.br. O CAPE fica na FO, localizada na Avenida Professor Lineu Prestes, 2227, Cidade Universitária, São Paulo.

Valéria Dias / Agência USP de Notícias

Mais informações: email mhcgmaga@usp.br

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