Odontologia do HCFMRP é referência para Programa Sorria Mais São Paulo

Programa "Sorria mais São Paulo", lançado no início do mês pelo Governo do Estado, usou fluxograma de atendimento odontológico do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto como referência.

As estatísticas já confirmaram vários benefícios trazidos pela presença da odontologia no ambiente hospitalar, como a redução do uso de antibióticos, da incidência de pneumonias nas UTIs, do tempo de internação, da necessidade de alimentação parenteral, do uso de fatores da coagulação, entre outros. Lançado este mês pelo Governo do Estado, o Programa Sorria Mais São Paulo vai investir cerca de R$ 35 milhões ao ano na saúde bucal, e tem como uma das frentes a odontologia hospitalar. A ideia é inserir a presença do cirurgião-dentista em várias áreas de todos os hospitais do Estado até 2014.

O projeto piloto foi feito no Hospital Mario Covas, na cidade de São Paulo, e para a implantação inicial do serviço foram selecionados sete hospitais. Parte do modelo adotado teve como referência a experiência de mais de 30 anos de atendimento odontológico no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP.

Implantação

O trabalho do HCFMRP colaborou especialmente na estruturação do programa Sorria Mais São Paulo. “O fluxograma de atendimento do paciente foi montado tendo como exemplo o que fazemos no HCFMRP. É claro que foi aperfeiçoado levando em consideração a experiência de cada participante do grupo que elaborou o projeto, então isso fez com que nosso serviço tivesse uma participação especial”, comemora o cirurgião-dentista Leandro Dorigan de Macedo.

Se em outros hospitais o programa ainda será implantado, no HCFMRP os recursos vão ajudar a melhorar o serviço já existente. A princípio, diz Macedo, “o atendimento era somente para pacientes de cirurgia cabeça e pescoço, na prevenção de osteonecrose dos maxilares por radioterapia”. Com o passar dos anos, outras necessidades foram surgindo, como a implementação desse serviço na Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas (UETDI), para tratamento principalmente de pacientes portadores do vírus HIV que são acompanhados no HCFMRP.

Outra necessidade surgiu no Hemocentro de Ribeirão Preto, também vinculado à FMRP. “Nesse caso, o Ministério da Saúde solicitou a criação de atendimento odontológico para hemofílicos”. Leandro Macedo enfatiza que na medida em que a ciência avança, tem ficado bem estabelecido a interferência da saúde bucal no processo saúde-doença. “Essa demanda aumentou muito nos últimos sete ou oito anos, em função também das necessidades de pacientes que fazem quimioterapia, radioterapia, do diagnóstico precoce de doenças auto-imunes e de tumores de cavidade oral, entre outros.

A partir daí, o perfil do serviço, que hoje atende quase todas as especialidades, mudou. A demanda é tão grande que adequações estão sendo estudadas junto à superintendência”. Atualmente, atende-se pacientes com complicações sistêmicas que exigem cuidados odontológicos em ambiente hospitalar, ou pacientes que apresentem doenças sistêmicas complicadas por patologias odontológicas, como os portadores de endocardite infecciosa, diabetes descompensado, distúrbios cardíacos importantes, que exigem cuidados especiais, ou que fazem uso de anticoagulantes. “Essa é uma área nova na odontologia, que ainda nem está oficializada pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO)”, conta Macedo.

Parâmetros

O serviço, segundo o dentista, está sendo criado nos grandes hospitais, e o HCFMRP tem como diferencial a autonomia para indicar limites críticos de parâmetros laboratoriais para cada procedimento, como contagem de plaquetas, coagulograma, contagem de células brancas, entre outros. Como o serviço é um dos mais atuantes na área de distúrbios da coagulação, foi acumulada importante experiência na indicação de reposição de fatores da coagulação, hemoderivados e hemocomponentes para controle e prevenção de hemorragias bucais.

Com esse know how, a equipe do HCFMRP, que conta também com as cirurgiãs-dentistas Tatiane Cristina Ferrari e Ana Rita Batista, já recebeu pacientes com características muito críticas, exigindo um atendimento que não é feito em nenhum outro hospital.

Macedo lembra ainda que, de forma geral, estatísticas já confirmaram vários benefícios trazidos pela presença da odontologia hospitalar, como a redução do uso de antibióticos, da incidência de pneumonias nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), do tempo de internação, da necessidade de alimentação parenteral, do uso de fatores da coagulação, entre outros. Para ele, uma das áreas em que o atendimento odontológico especializado traz benefícios imediatos é na Onco-Hematologia onde o diagnóstico e tratamento adequado das complicações infecciosas de cavidade bucal auxiliam não só no bem-estar como na sobrevida do paciente imunologicamente comprometido. “O aumento na procura pelo serviço tem gerado uma demanda reprimida crescente nos últimos anos e esperamos que com a implantação do programa este problema seja resolvido e que tenhamos condições de investir mais em pesquisa. É uma área de atuação que tem um campo enorme e que agora ganha visibilidade”, comemora.

Com informações de Rosemeire Talamone, da Assessoria de Comunicação da USP em Ribeirão Preto 

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