Teste indica “resistência” à droga para artrite reumatoide

Técnica desenvolvida no Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias da FMRP avalia resposta terapêutica de paciente ao Metotrexato.

Hérika Dias / Agência USP de Notícias

Um artigo publicado, no dia 9 de fevereiro, na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) descreveu um método inédito que indica se pacientes poderão responder ao tratamento com o metotrexato, droga-padrão utilizada contra doenças inflamatórias crônicas e autoimunes. O medicamento possui eficiência satisfatória e valor de custo baixo, no entanto, de 30% a 40% dos pacientes são resistentes ao metotrexato, segundo Fernando de Queiroz Cunha, um dos autores do artigo e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.

A descoberta sobre a resposta terapêutica do paciente antes do tratamento pode evitar a evolução da doença. “Atualmente, a única maneira de o médico analisar se o metotrexato está funcionando ou não é por meio de exames clínicos, após quatro a seis meses de uso do medicamento. Nesse período, a doença pode evoluir rapidamente”, ressalta Cunha.

O tempo é importante no tratamento de doenças inflamatórias crônicas e autoimunes, como a artrite reumatoide, que acarreta a inflamação das articulações e consequente dor, inchaço e vermelhidão, principalmente nas mãos e pés. “Mesmo não havendo cura, se não for tratada adequadamente, a inflamação persistente pode levar a comprometimentos das juntas, provocando deformidades e limitações nas atividades do dia a dia”, alerta Cunha.

A artrite reumatoide é caracterizada pelo próprio organismo atacando os tecidos e cartilagem dos pacientes, além de causar erosão óssea. “Pacientes que desenvolvem artrite reumatoide apresentam alterações nas células T regulatórias, que possuem função imunorregulatória, ou seja, controlam outras células para evitar possíveis doenças”, de acordo com o biomédico Raphael Sanches Peres, um dos autores do estudo.

Técnica

O método desenvolvido pelos pesquisadores consiste na quantificação da expressão de uma molécula presente em população de células T reguladoras. “Os pacientes que não respondem ao tratamento com o metotrexato expressam menos essa molécula, por isso conseguimos predizer a resposta clínica ao medicamento”, explica Peres.

A partir da coleta do sangue do paciente, a resposta sobre o tratamento com o metotrexato é disponibilizada de um a dois dias. “A predição da resposta permite a otimização da escolha clínica das drogas disponíveis para o tratamento das doenças inflamatórias e autoimunes, além de proporcionar uma redução em gastos do sistema público de saúde e uma melhoria significativa na qualidade de vida dos pacientes”, ressalta o biomédico.

Além da artrite reumatoide, o metotrexato é utilizado no tratamento de doenças com a artrite idiopática, juvenil, dermatomiosite, doença de Crohn, esclerodemia, eczema, pênfigo, polimiosite, psoríase, sarcoidose e vasculite.

A técnica já teve o seu processo de patente realizado pela Agência USP de Inovação, Núcleo de Inovação Tecnológica da USP, responsável por gerir a política de inovação para promover a utilização do conhecimento científico, tecnológico e cultural produzido na universidade.

CRID

O método de avaliação da predição da resposta terapêutica ao metotrexato foi no Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID, sigla em inglês), localizado na FMRP. O CRID é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo ( Fapesp).

O CRID reúne pesquisadores de vários campos das Ciências Biomédicas ligados à pesquisa básica (genética, biologia molecular e celular, imunologia, farmacologia e patologista) e à pesquisa clínica (reumatologia, imunologia, infectologia e dermatologia), além de pesquisadores de áreas da bioinformática. Ele foi criado com o objetivo de produzir conhecimento científico e identificar novos alvos terapêuticos.

Mais informações: emails rsperes@usp.br, com Raphfael Peres, ou fdqcunha@fmrp.usp.br, com Fernando de Queiroz Cunha

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