Acordo entre EACH e Defensoria Pública vai beneficiar estudantes e idosos

Iniciativa permite que alunos do curso de Gerontologia da EACH estagiem no primeiro atendimento aos idosos na Defensoria Pública.

A população idosa de São Paulo que procurar a Defensoria Pública da capital vai passar a contar com um atendimento diferenciado. Um termo de cooperação assinado entre a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP e o setor público permite que alunos do curso de graduação em Gerontologia da Unidade passem a estagiar no local realizando o primeiro atendimento aos membros dessa faixa etária que procurarem o serviço.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

A iniciativa idealizada pela professora Bibiana Graeff vai beneficiar ambas as partes. Por um lado, os estudantes vão poder ter um contato mais próximo com a realidade que encontrarão após a formação completa como gerontólogo, em contrapartida os idosos vão poder desfrutar desde já de um atendimento pensado especialmente para eles. “Este é um projeto inédito no Brasil que leva uma atenção especial à população idosa que cresce aceleradamente no país e apresenta demandas específicas cujas resoluções extrapolam, muitas vezes, um atendimento estritamente jurídico”, relata Bibiana.

Inicialmente serão de 6 a 8 alunos que vão estagiar às quartas-feiras, das 8 às 12 horas, no primeiro atendimento realizado pela Defensoria Pública. Bibiana, que supervisionará os estagiários juntamente com defensores públicos, explica que entre as funções do estudante estão “observar o fluxo de atendimento e conhecer as demandas e o perfil do idoso que procura a defensoria. As primeiras intervenções, portanto, devem ser observacionais e de levantamento de dados para conhecer o equipamento e as demandas dos idosos ali atendidos.” O objetivo é que os estudantes possam identificar, propor e posteriormente desenvolver intervenções gerontológicas para melhor acolhimento e atendimento à população idosa que solicita os serviços da instituição.

A ideia

portal20150105_3O atendimento começou a funcionar no dia 15 de outubro de 2014, porém a iniciativa para a celebração da parceria começou a ser gestada em 2013 e decorreu de um trabalho que envolveu não só professores e direção da EACH como a equipe do Núcleo Especializado dos Direitos do Idoso e da Pessoa com Deficiência da Defensoria Pública.

Bibiana conta que ingressou na EACH em 2011 quando foi criada uma disciplina de Direitos Humanos no curso de Gerontologia, dada a percepção de que o gerontólogo tinha que ter noções a respeito dessa temática. A partir disso, a necessidade de tomar conhecimento de alguns aspectos legais logo se mostrou evidente. “As questões jurídicas são alguns dos aspectos socioculturais que influenciam a qualidade de vida das pessoas. Portanto, o gerontólogo em sua atuação enquanto gestor de casos, equipamentos ou políticas deve ter plena noção de suas ferramentas”, afirmou a professora.

 Foto: IEA-USPProfessora Bibiana Graeff.
Foto: IEA-USP
Professora Bibiana Graeff

A ideia surgiu após a constatação de que muitos idosos que procuram o órgão não apresentam demanda propriamente jurídica, mas problemas de outra natureza, que podem ser encaminhados mediante orientação gerontológica, a partir do conhecimento da rede de serviços sócio-assistenciais e de saúde voltados ao idoso. “Sabendo da existência de um núcleo especializado nas questões dos idosos na defensoria, logo vislumbrei a possibilidade de estágio para nossos estudantes. Afinal, a resolução de muitas questões ligadas aos idosos demanda um olhar interdisciplinar e uma atuação interprofissional”, relatou Bibiana que acredita também que “o bacharel em gerontologia, com sua visão generalista, pode compor equipes, auxiliar na condução dos casos e na coordenação entre os diferentes atores para um melhor antendimento.”

As tratativas para a assinatura do termo começaram entre 2012 e 2013, com a psicóloga Anna Carolina Cabral Lopes de Freitas, que então atuava junto ao núcleo e a doutora Aline Fernandes Morais, então coordenadora do núcleo. Depois disso, a assinatura foi encaminhada sob a gestão da doutora Lúcia Thomé Reinert, para ser enfim finalizada na gestão da doutora Renata Flores Tibyriça. “Foram portanto muitas pessoas que participaram do processo e contribuíram para que esta experiência inédita pudesse acontecer, beneficiando alunos e idosos”, resumiu. Agora a perspectiva é analisar se a iniciativa está dando certo, para ampliá-la em outras frentes.

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