ECA debate o radiojornalismo e homenageia Rádio USP pelos 35 anos

Nos 90 anos de rádio no Brasil, Rádio USP completa 35 anos como pioneira do radiojornalismo em FM.

Na último dia 30 de novembro, foi realizado o primeiro Simpósio Brasileiro de Radiojornalismo na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP em comemoração aos 90 anos de rádio no Brasil. Foram apresentados diversos trabalhos científicos sobre o tema, painéis sobre o ensino de radiojornalismo, e uma conferência sobre rádios de fronteira. Uma homenagem aos 35 anos da Rádio USP marcou o encerramento do evento.

Criada ainda na década de 1970 – mais precisamente no dia 11 de outubro de 1977 -, a Rádio USP foi uma das primeiras FMs da cidade de São Paulo e a pioneira em fazer radiojornalismo nesse tipo de frequência, antes restrita à AM, conforme relembra o professor Mário Fanucchi, um dos fundadores da emissora uspiana. “Antes de nós, não se falava em em radiojornalismo na FM”.

Antes de nós, não se falava
em em radiojornalismo na FM.

Celso dos Santos Filho, chefe da Rádio USP, acredita ela é “o cartão de visitas” para a universidade, já que qualquer pessoa de todo o mundo, pela  internet, pode saber o que a USP produz em pesquisa e conteúdo através da Rádio.

Luiz Fernando Santoro, professor da ECA, lembrou os dois anos que esteve à frente da Rádio USP e mencionou os mais de 40 programas que estrearam em pouco mais de dois meses naquele período. “No rádio, tudo é possível, dependendo de pouco recurso, você pode informar e conseguir chegar ao coletivo”, refletiu Santoro. “Venha criar no rádio, pensar o rádio com a gente”, dizia o professor, quando convidava desde profissionais experientes a estudantes para trabalhar na 93.7.

Homenagem

Um dos pontos altos do Simpósio foi a homenagem aos 35 anos da Rádio USP. Uma placa comemorativa foi entregue por Mário Fanucchi para Celso dos Santos Filho, que falou do compromisso que o veículo tem com a sociedade, que por ser pública e educativa “tem obrigações com o público muito mais do que qualquer outra rádio”.

Perguntado sobre qual foi a maior realização da Rádio nestes 35 anos, Celso afirmou que a cada ano tem um novo sucesso. “Ano a ano nós vamos construindo a Rádio. Os antigos diretores ora lutavam por equipamentos melhores, outros eram mais direcionados ao conteúdo, preparando a rádio para o futuro, sendo uma construção passo a passo”. Como exemplo de integração com a comunidade USP e com a sociedade, Celso exemplifica com o programa “Palavra do Reitor”, onde por uma hora, João Grandino Rodas comenta algum tema de relevância dentro da Universidade.

Ano a ano nós vamos construindo a Rádio. Os antigos diretores ora lutavam por equipamentos melhores, ora eram mais direcionados ao conteúdo, preparando a rádio para o futuro.

O programa é produzido no Estúdio Avançado da Rádio na Reitoria. É uma criação do jornalista Milton Parron, que foi convidado pelo reitor João Grandino Rodas para desenvolver o projeto. Atualmente, integra a equipe de trabalho Cido Tavares, e a produtora Alaide Rodrigues.

Sandra Capomaccio, jornalista da Rádio há 10 anos, também ressaltou a importância do programa.  “Acaba sendo uma prestação de contas do reitor para com a sociedade”, justificou. Em seguida, a também jornalista da Rádio USP, Márcia Furtado Avanza, recebeu um certificado das mãos de Pedro Ortiz, diretor da TV USP, emissora que ele considera “a irmã caçula da rádio”.

Radiojornalismo

Organizado pelo Grupo de Pesquisa em Jornalismo Popular e Alternativo (Alterjor) da USP, na figura de Luciano Maluly, docente da ECA, o Simpósio teve as atividades iniciadas com duas mesas discutindo trabalhos sobre radiojornalismo.

A primeira, coordenada por Rafael Duarte Venâncio, doutorando da ECA e docente das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), discutiu temas como o radiojornalismo em emissoras católicas, rádios comunitárias e o celular como ferramenta de transmissão radiofônica. Na segunda mesa, coordenada por Elisa Bachega Casadei, também pesquisadora na ECA e professora da FMU, os perfis no radiojornalismo, programa sobre índios e o papel do radiojornalismo em momentos de catástrofes foram os temas de discussão. Ao todo, cerca de 20 trabalhos foram apresentados e debatidos.

No período da tarde houve a solenidade oficial de abertura, com falas de Luciano Maluly, Dennis de Oliveira e Mayra Rodrigues Gomes, todos docentes da ECA. Em seguida, Daniela Ota, professora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), ministrou uma conferência com o tema “A pesquisa sobre rádios de fronteira”, onde tratou da permeabilidade das fronteiras brasileiras com Bolívia e Paraguai, a atuação dos jornalistas e as convergências sociais e divergências políticas características da região. O site www.portaldemidia.ufms.br traz alguns dados apresentados por ela.

Antes ainda da homenagem à Rádio USP, um painel sobre o ensino de radiojornalismo trouxe docentes de diversas faculdades públicas, privadas e do interior. USP, ESPM, Mackenzie, Cásper Líbero, Unesp, PUC-SP e Anhembi Morumbi  foram algumas das presentes. Além de compartilhar as experiências adquiridas em cada instituição, os professores discutiram o papel do docente na formação do aluno, o futuro do rádio no Brasil e as responsabilidades do jornalista, dentre outros temas.

O evento teve um bom público presente, em torno de 80 pessoas, além da audiência da IPTV USP, que transmitiu as apresentações online. Uma segunda edição do Simpósio Brasileiro de Radiojornalismo já é esperada.

Scroll to top