Exposição ‘Imprensa Negra Paulista’ retrata ativismo de negros após a abolição

Em exibição na Casa de Dona Yayá, mostra traz fotografias, recortes, clichês e outros registros que resgatam da história do negro no País.

Como homens e mulheres negros viviam e se organizavam para combater a discriminação racial no período republicano? Como aconteceram as primeiras lutas em favor de maiores chances de ascensão econômica e social dos negros? Para conhecer este importante período histórico uma pesquisa feita na USP fez uma análise de textos publicados em jornais, revistas e outros periódicos especializados que circularam em várias cidades do estado de São Paulo nas primeiras décadas do século XX. O resultado desse trabalho está na exposição Imprensa Negra Paulista, que fica aberta ao público até 11 de outubro no Centro de Preservação Cultural (CPC) da USP.

Em exibição na Casa de dona Yayá, sede do CPC no centro de São Paulo, a mostra é composta por fotografias, recortes, clichês e outros registros. Juntos, eles formam um resgate da história do negro por meio de textos publicados em veículos de comunicação paulistas – sobretudo os da capital e da cidade de Campinas, regiões onde o ativismo político dos negros era mais intenso. O visante também poderá conhecer as biografias dos principais ativistas e de lideranças que atuaram produzindo e publicando esses jornais; ilustrações que marcaram essa produção; referências materiais da sua técnica de elaboração, como as matrizes dos clichês de ilustrações dos periódicos; e referências de textos de poetas e escritores que atuaram nesse contexto.

Publicações abrangem 25 periódicos produzidos nas cidades de São Paulo, Piracicaba, Santos, Campinas e São Carlos entre 1903 e 1963
Foto: Cecília Bastos

Segundo Ana Barone, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, e uma das coordenadoras do projeto, o público que for visitar a exposição Imprensa Negra Paulista terá uma oportunidade conhecer mais e refletir sobre a vida de um povo que sempre procurou defender seus interesses coletivos mesmo em um período em que o Estado não garantia uma equalização de condições para esse grupo da população. Para a comunidade acadêmica, a mostra e o site do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP, onde se encontra disponível a coleção da Imprensa Negra, servirão de fontes documentais e de informação sobre as relações raciais no Brasil.

As publicações que serviram de base para a pesquisa abrangem 25 periódicos produzidos nas cidades de São Paulo, Piracicaba, Santos, Campinas e São Carlos, no período entre 1903 e 1963. O jornal mais antigo é o Baluarte, editado em Campinas.

Algumas publicações tiveram curta duração e outras tiveram edições descontinuadas. Os de maior duração foram O Clarim d’Alvorada, Progresso, A voz da Raça e Novo Horizonte. Os jornais que compuseram o estudo pertenciam aos velhos militantes dos movimentos negros e foram coletados inicialmente para a dissertação de mestrado “A Imprensa Negra Paulista”, da pesquisadora Miriam Ferrara, defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Foto: Cecília Bastos | Jornal da USP
Foto: Cecília Bastos

A exposição foi produzida por um grupo de pesquisadoras e docentes da FAU e do Departamento de Sociologia da FFLCH, com curadoria de Edilza Sotero e Flávia Rios, além de Ana Barone. Os originais da coleção estão acondicionados em caixas térmicas para sua preservação no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP.

A exposição fica aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas, e domingo, das 10 às 15 horas. O Centro de Preservação Cultural – Casa de Dona Yayá fica na Rua Major Diogo, 353, Bela Vista, São Paulo.

Mais informações: (11) 3106-3562, email anabarone@gmail.com, cpcpublic@usp.br, ou no site do IEB

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