Pesquisa do ICMC sobre interação de idosos com celulares é premiada

Interface visa facilitar a interação de idosos com telefones celulares detectando a dificuldade de cada usuário baseado na entropia da cadeia de Markov.

Da Assessoria de Comunicação ICMC

O professor Jó Ueyama e o seu aluno de mestrado Vinícius Gonçalves, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, tiveram o artigo Interação de idosos com celulares: Flexibilidade para atender a diversidade premiado como Best Paper no décimo Simpósio Brasileiro de Fatores Humanos em Sistemas Computacionais e quinto Congresso Latino-americano de Interação Humano-Computador (IHC+CLIHC 2011).

O trabalho de mestrado de Vinícius teve início em 2010 e está sendo desenvolvido em conjunto com a professora Vânia Neves, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O projeto aborda soluções computacionais para a interação de idosos com celulares. A pesquisa traz alguns questionamentos como: os celulares atuais contemplam a população idosa? Esses dispositivos atendem às limitações desse público? O que está sendo feito para minimizar os problemas de interação dessa população com os celulares?

Durante as pesquisas foi percebido que não basta apenas pensar em soluções sem ter o público idoso próximo. Foi então, que se desenvolveu um projeto de extensão em parceria com a Prefeitura Municipal de São Carlos, em um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). O projeto proporcionou aos idosos “desmistificar” a tecnologia e estabelecer em alguns momentos sua primeira interação com o dispositivo. Nessa experiência, eles puderam também ter contato com tablets, smartphones, tv digital e notebooks, assim como acesso à internet.

O objetivo da pesquisa é contribuir para o acesso participativo e universal do cidadão brasileiro ao conhecimento, um dos grandes desafios da pesquisa em computação no país. Durante os experimentos, os pesquisadores observaram idosos de vários perfis, classes sociais e níveis de escolaridade. Frente à diversidade de requisitos apresentada por esses indivíduos, investiu-se em esforços para o desenvolvimento de soluções que contemplem o maior número possível de usuários.

De acordo com a pesquisa, foi constatado que os celulares são geralmente desenvolvidos para a população jovem. Percebeu-se que nem todos os idosos tem o mesmo perfil, pois alguns possuem problemas de visão, outros relacionados à doença de Alzheimer ou à coordenação motora. “De acordo com o perfil do usuário há uma determinada interface. Nossa proposta é ter a interface se adaptando ao perfil de cada usuário (…). Por exemplo, para um usuário com déficit de visão, o sistema consegue detectar esse problema e disponibilizar ao idoso uma fonte e teclado maior para permitir que ele conclua sua tarefa”, explica o professor Ueyama.

Nessa pesquisa, os autores desenvolveram o FlexInterface, um framework que apóia o desenvolvimento do design de interfaces flexíveis, que baseado no middleware adaptativo OpenCom, da Universidade de Lancaster, na Inglaterra, permite que a aplicação se adeque às necessidades do usuário durante a sua interação com o dispositivo. Vinícius ressalta que “para disponibilizar essa plataforma é necessário que o dispositivo tenha um sistema operacional, para essa pesquisa utilizou-se o Android. Com o FlexInterface é possível detectar a dificuldade de cada usuário baseado na entropia da cadeia de Markov. Por exemplo, na ocorrência de três erros de digitação, o sistema adapta-se com letras maiores para facilitar a visualização”, completa o aluno.

Outro ponto interessante é que a pesquisa não trata somente da proposta, mas também busca testar a solução. Uma das maneiras é a avaliação das interfaces flexíveis por especialistas em inspeção de interfaces. Os pesquisadores perceberam que ainda não há um método específico para avaliar interfaces flexíveis de usuários idosos, então propuseram em seu trabalho uma abordagem para avaliá-las.

Mais informações: (16) 3373-9666, www.icmc.usp.br


 

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