Acessibilidade na internet é tema de pesquisa no ICMC

Acessibilidade em menus de navegação horizontais na web para pessoas de meia idade é o tema da tese defendida pelo aluno Eduarto Pezutti, do ICMC

Rodrigo Peronti / Assessoria de Comunicação do ICMC

Eduardo Pezutti, aluno de pós-graduação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), da USP em São Carlos, desenvolveu um trabalho de pesquisa com o objetivo de promover a acessibilidade de pessoas de meia idade na internet. O trabalho levou em consideração os menus utilizados em páginas da web.

Hoje, existem vários programas de inclusão digital direcionados para a terceira idade. Porém, a análise da acessibilidade das pessoas com meia idade em relação ao computador e, principalmente, no que diz respeito à internet, se faz importante para entender as diferenças e as necessidades que garantem a qualidade de vida em um mundo repleto de tecnologias.

Segundo a docente do ICMC e também orientadora da pesquisa, professora Renata Pontin, “as tecnologias avançam muito rapidamente, e muitas pessoas esbarram em dificuldades. Daí, surgiu a necessidade de entender quais são essas dificuldades. Uma das formas para entender essas barreiras é cuidar da acessibilidade, que embora seja a premissa da popularidade das páginas da internet, ela não tem sido devidamente garantida em novas tecnologias. De fato, existem tecnologias recentes que acabam sendo um obstáculo para algumas pessoas, principalmente para quem tem alguma dificuldade motora, visual, de audição, ou mesmo mental, sendo algumas inerentes ao avanço da idade”, ressalta Renata.

Pessoas que apresentam uma ou mais destas dificuldades podem acabar perdidas em um site, ficando impossibilitadas de realizarem uma simples tarefa de compra, envio de mensagens eletrônicas ou até mesmo solicitações de documentos que podem ser feitas exclusivamente através da web.

Para a realização dos trabalhos, foram elaborados alguns menus comuns da web, cada um com características diferentes dos outros. Foram levados em conta fatores como a velocidade em que o menu é acionado, a necessidade do click do mouse para esta ação, além do contraste de cores e do espaçamento das opções.

Ao todo, foram elaborados oito tipos de menus, e cada um apresenta diversas tarefas para medir os níveis de compreensão e de acessibilidade em cada caso. Para medir estes níveis, foram analisados três grupos de pessoas: indivíduos de 18 até 40 anos de idade; de 40 até 59 anos (correspondente ao grupo de meia idade); pessoas com mais de 59 anos. “Nós percebemos que se o menu possuísse ativação muito rápida e quase não apresentasse contraste de cor com o resto da página, as pessoas demoravam muito para concluir a tarefa, algumas até não conseguiam perceber mudanças no site e desistiam do teste”, diz Eduardo. O estudante ainda afirma que quanto menor a idade do internauta, mais rápida é a ação, porém existe uma semelhança proporcional em todos os resultados.

Todos os grupos foram melhores quando repetiam pela segunda vez as tarefas, ou seja, entendiam mais rapidamente o funcionamento do menu. “Apenas no 4º menu, que foi evidenciado como sendo o mais difícil, devido a rapidez de sua ativação e desativação, além do contraste de cor quase inexistente, a repetição não surtiu grandes efeitos”, explica Eduardo.

O projeto demorou cerca de um ano para chegar nos resultados finais, mas a pesquisa deve continuar, após a analise das variações dos menus. O objetivo agora será entender como se dá o processo de desenvolvimento destas ferramentas, para que se tornem cada vez mais acessíveis às pessoas de todas as faixas etárias.

Alguns procedimentos como atualização de cadastro em órgãos públicos, ou mesmo participações em programas oferecidos pelo governo, só podem ser realizados e confirmados através da internet. Uma simples ficha de cadastro em um estabelecimento comercial pode ser feita pela internet. “Esta é uma realidade que estará cada vez mais presente e devemos estudar meios para facilitar a vida das pessoas que encontram dificuldades em realizar essas tarefas que, a primeira vista, parecem simples para muitos”, conclui Renata.

Ainda é possível contribuir para o estudo do projeto. Para isso, basta acessar o site agua.intermidia.icmc.usp.br/menu/, onde está hospedado o questionário. Depois é só seguir as orientações e tentar completar cada etapa da melhor maneira possível. Poucas pessoas com mais de 65 anos participaram da pesquisa, por isso há ainda uma necessidade da colaboração deste grupo.

Mais informações: epbsantos@gmail.com 

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