Encontro na Poli discute futuro da internet das coisas

Para o diretor de diretor de tecnologia da Hitachi Data Systems, os avanços na análise de big data deverão viabilizar a “Internet das coisas”, que promoverá uma transformação radical na vida das pessoas.

Da Assessoria de Imprensa da Poli

Foto: Wikimedia Commons
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A Escola Politécnica (Poli) da USP recebeu nesta quinta-feira, 24 de abril, a visita do diretor de Tecnologia da Hitachi Data Systems (HDS), Hubert Yoshida, considerado um dos líderes mais influentes do mundo na área de tecnologia de armazenamento de dados. Yoshida apresentou a conferência “Internet das coisas e inovação social”, na qual discutiu os desafios contemporâneos relacionados aos ciclos de vida de dados. O evento também serviu para iniciar uma aproximação que poderá resultar em parcerias entre a Escola e a empresa.

Segundo Yoshida, ainda não se desenvolveram métodos capazes de proporcionar a análise integrada da quantidade gigantesca de dados computacionais produzidos atualmente em diversos contextos da sociedade – os chamados big data. Os desafios atuais relacionados à análise de dados, segundo ele, dividem-se nas vertentes: volume, velocidade, variedade e valor.

“Precisamos lidar com uma escala sem precedentes de dados, de forma muito rápida, envolvendo múltiplos sistemas. E temos que ser capazes de identificar o valor da informação que nos é dada por esses dados. Quando for possível fazer, na escala adequada, a análise da enxurrada de dados de que dispomos, teremos uma transformação radical na vida das pessoas”, afirmou Yoshida.

Precisamos lidar com uma escala sem precedentes de dados, de forma muito rápida, envolvendo múltiplos sistemas. E temos que ser capazes de identificar o valor da informação que nos é dada por esses dados

Atualmente, segundo o especialista, a enxurrada de dados se baseia na informação gerada por negócios ou aplicações sociais com o objetivo de aumentar a capacidade do mercado de vender produtos. No futuro, os dados big data irão se basear na informação gerada pela “internet das coisas”, isto é, dados gerados por sensores e máquinas.

A “internet das coisas” é um cenário no qual objetos, animais ou pessoas recebem uma identificação única e a capacidade de transferir dados para uma rede sem a necessidade de interação entre humanos. Isso será possível com a convergência de tecnologias wireless, sistemas micro-eletromecânicos e a internet. “Utensílios, sistemas de transportes, redes de energia, equipamentos pessoais, sistemas agrícolas e até o nosso corpo poderão ter sensores capazes de gerar e compartilhar informações de outras máquinas automaticamente. O impacto disso será enorme”, afirmou.

Para exemplificar, Yoshida lembrou do trágico atentado a bomba durante a maratona de Boston, que matou três pessoas e deixou mais de 130 feridos em 2013. Segundo ele, a análise de big data poderia ter ajudado a rastrear os acusados com muito mais rapidez e precisão. Segundo ele, para capturar os suspeitos, foi preciso fazer uma varredura manual nas imagens gravadas por câmeras de vigilância. Esse processo poderia ter sido automatizado.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

“Hoje já temos softwares capazes de escanear 36 milhões de rostos em menos de um segundo. Com a internet das coisas, esse recurso poderia ser combinado com dados de GPS inteligente e de redes sociais para proporcionar uma investigação extremamente rápida – ou até mesmo para impedir o crime, caso câmeras inteligentes detectassem um comportamento suspeito”, explicou.

A análise da enxurrada de dados poderia ser utilizada em praticamente qualquer setor de atividade humana, segundo Yoshida. Nos sistemas de transporte, por exemplo, será possível produzir carros e trens que evitam colisões. “Sensores embarcados poderão acionar automaticamente os freios caso os veículos se desviem de seu trajeto normal. Será viável também a produção de carros que dispensam motoristas”, declarou.

No setor de saúde, a análise de big data poderá melhorar a qualidade do atendimento, segundo Yoshida. De acordo com ele, pesquisadores já estão trabalhando em uma pele artificial equipada com um sistema wireless de transmissão de dados. “Bastaria vestir a pele artificial para termos um método não invasivo de obtenção de informações como temperatura corporal e pressão, por exemplo”, disse Yoshida.

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