IFSC participa da construção de observatório que medirá fontes de radiação gama em corpos celestes

Grupo de mil pesquisadores de 27 países, entre eles profissionais da IFSC, vai construir o observatório Cherenkov Telescope Array na Argentina ou na Namíbia, até 2015.

Da Assessoria de Comunicação do IFSC

Para entender de que modo corpos celestes como remanescentes de supernovas, galáxias com núcleo ativo e quasares emitem radiação gama, um grupo de mil pesquisadores de 27 países vai construir o observatório Cherenkov Telescope Array (CTA). O experimento, que tem participação do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, contará com tecnologia de ponta, capaz de medir a radiação gama produzida durante os fenômenos astrofísicos com sensibilidade dez vezes maior que qualquer outro observatório em funcionamento. O local do observatório e os grupos que constuirão os equipamentos serão definidos ano que vem. A inauguração está prevista para 2015.

“Esse será o experimento mais importante dessa área nos próximos anos”, afirma o professor do IFSC, Luiz Vitor de Souza Filho, um dos pesquisadores envolvidos no projeto. O CTA possibilitará avanços significativos na compreensão de como os raios gama são produzidos e, portanto, de como esses corpos celestes funcionam. “Por ser a radiação de mais alta energia, ela traz informações diferentes daquelas fornecidas pela luz visível”, explica Souza Filho. Neste caso, qualidade e quantidade estarão em jogo. Segundo o professor, hoje apenas se conhecem cem fontes extraterrestres emissoras de raios gama de altas energias. Com o CTA, esse número sobe para mil.

O projeto, iniciado em 2010, é financiado por agências de fomento à pesquisa do mundo todo, inclusive do Brasil, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além de Souza Filho, mais sete pesquisadores brasileiros estão envolvidos no projeto de construção do observatório. Estes são responsáveis pela construção de partes do protótipo, sendo que uma versão experimental completa do equipamento já começou a ser construída na Alemanha.

“Este protótipo alemão servirá para que a tecnologia do equipamento seja testada”, conta o professor do IFSC. O CTA contará com cem telescópios operados conjuntamente, o que oferecerá a possibilidade de recolher dados mais refinados e imagens de mais alta resolução. “Uma fonte de baixa intensidade não pode ser visualizada nos observatórios em funcionamento. O CTA preencherá essa lacuna.”

Telescópios

O sucesso do Observatório depende fundamentalmente da construção dos telescópios, pois, sem um bom instrumento os dados coletados não terão a precisão requerida. Cada telescópio do CTA tem várias partes com funções específicas: orientação, captação de luz, transformação da luz em sinal eletrônico. “Todas as partes do telescópio devem se encaixar perfeitamente, para que possamos ter o melhor instrumento já construído com o intuito de estudar a radiação gama”, explica Souza Filho.”Por isso, estudos detalhados de cada parte estão sendo realizados nesta fase do projeto.”

A colaboração brasileira no CTA tem participado na construção destes equipamentos por intermédio de parcerias com a indústria nacional. O projeto do “corpo” do telescópio foi desenhado pela empresa Orbital Engenharia, de São José dos Campos (interior de São Paulo), enquanto que o revestimento dos espelhos, que serve para refletir a luz e protegê-los de quaisquer intempéries, está sendo desenvolvido pela empresa Opto Eletrônica, de São Carlos (interior de São Paulo).

“No momento, temos um projeto desenvolvido pelas empresas nacionais e estamos realizando testes dos protótipos. O objetivo é criar, em parceria com essas empresas, um produto que atenda aos altos padrões do Observatório, de forma que a indústria nacional possa participar da construção dos 100 telescópios previstos”, diz Souza Filho.

O observatório, com inauguração prevista para 2015, tem dois locais favoritos para sua instalação: Namíbia (sul da África) e Argentina. A escolha do local, que deverá acontecer no ano que vem, segue determinados requisitos, como altitude e regularidade plana do terreno, céu muito limpo, sem poluição e sem contaminação de luz. “Não foi encontrado no Brasil nenhum local que ofereça essas condições”, afirma o professor do IFSC. Outras informações sobre o projeto podem ser encontradas no site oficial.

Mais informações: (16) 3373-8727; email vitor@ifsc.usp.br, com o professor Luiz Vitor de Souza Filho ou site www.cta-observatory.org

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