Modernização da “Sala Limpa” da Poli beneficiará pesquisa de ponta na USP

Ambiente esterilizado é necessário para realizar pesquisas em microeletrônica e nanotecnologia.

Serviço de Comunicação Social da Poli

Foto: Divulgação LME
“Sala limpa” da Poli antes da reforma que terá início em 2014. Na imagem, capelas químicas para limpeza RCA

O Laboratório Avançado de Microeletrônica, Microssistemas e Nanotecnologia (LME) do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos (PSI) da Escola Politécnica (Poli) da USP receberá da reitoria R$ 1.899.226,62 de investimento na reforma e modernização de sua “Sala Limpa”, ambiente isento de partículas e estéril necessário à pesquisa e desenvolvimento na área de microeletrônica, microdispositivos e nanotecnologia.

A Sala Limpa foi construída em 1968, e desde então passou por apenas uma reforma, em 1990. Devido a isso, muitas de suas estruturas e equipamentos estão obsoletos, prejudicando as pesquisas. O projeto de reestruturação é coordenado pelos professores Inés Pereyra, Gustavo Rehder, Marcelo Carreño e Marco Alayo, e consiste em modernizá-la, como também a seus equipamentos, de forma a controlar a limpeza do ar nas áreas em que são fabricados os microdispositivos e melhorar as condições técnicas dos processos de microfabricação. Segundo Gustavo Rehder, professor do PSI, “hoje não temos na USP ou em São Paulo nenhum laboratório, em funcionamento, do gênero que seja voltado para a inovação deste tipo”, o que evidencia a importância desse projeto.

Problemas

Foto: Divulgação LME
Recozimentos (tratamentos térmicos)

A função dessa sala está em fazer com que o ambiente tenha a menor quantidade possível de partículas em suspensão, visto que, um grão de poeira, por exemplo, pode prejudicar um dispositivo inteiro. Assim, esse tipo de controle é feito a partir do sistema de filtragem de ar, do acabamento das paredes, do teto e do chão, da vestimenta das pessoas e dos equipamentos, e também no controle da temperatura, umidade e pressão, de modo a evitar a contaminação e a presença dessas partículas.

O mau funcionamento de certos sistemas, como o de filtragem de ar e de ar-condicionado, o de controle de umidade e da pressão, foram os principais motivos para se realizar essa reforma. No seu sistema de filtragem de ar, o que compromete é o fato de ser ultrapassado e, devido a grande área desse local, cerca de 310 m², fica impraticável trocá-lo com a frequência necessária, visto que os custos seriam inviáveis para o LME.

Em relação ao ar-condicionado, por ser antiquado, a temperatura dentro da sala pode chegar até 35° C durante o verão, o que torna a utilização da vestimenta necessária pelos pesquisadores impraticável. Além disso, pela dimensão, o atual ar-condicionado não consegue manter a temperatura baixa e constante em toda a sala, comprometendo a repetibilidade dos processos de fabricação, algo indispensável nas pesquisas realizadas pelo Laboratório.

O controle de umidade é inexistente, e para a realização das pesquisas ele deve estar em torno de 45%, o que dificilmente acontece na cidade de São Paulo, que possui a umidade média do ar em 80%, podendo chegar abaixo de 30%, o que demonstra a necessidade de possuir um controle.

Já a pressão interna da sala – que deve ser mantida maior do que a do exterior, pois evita qualquer possibilidade de entrada de partículas – não é mantida dessa maneira, devido aos vários vazamentos existentes, ocasionando mais um modo de contaminação do local.

Objetivos da reforma

Foto: Divulgação
Riscador e clivador de lâminas

Será realizado, portanto, um aproveitamento de alguns equipamentos e espaços da antiga “Sala Limpa” que, consequentemente, serão reformados para melhor se adequarem à proposta. Um dos aspectos importantes dessa iniciativa é a multidisciplinaridade desenvolvida, visto que um dos motivos da reforma é aproveitar a sua antiga infraestrutura para desenvolver pesquisas em diversas áreas do conhecimento, “ela [Sala Limpa] poderá atender a demanda de vários grupos de pesquisa do LME, como também as externas de outros departamentos da Poli/USP ou até mesmo de outras unidades da USP”, explica Rehder.

Desde sua fundação, o LME tem desempenhado um papel de destaque no desenvolvimento de microcircuitos e microdispositivos, bem como na formação de recursos humanos para a indústria de semicondutores, tendo grande influência na consolidação dessa área estratégica para o país. Devido a isso, a manutenção e melhora de sua Sala Limpa é de extrema relevância, até porque, como conclui o professor, “poderemos disponibilizar à comunidade a possibilidade de realizar processos de fabricação de chips, sensores, atuadores, nanomateriais e dispositivos com qualidade e confiabilidade. Este novo laboratório permitirá alavancar as pesquisas da USP com alto padrão.”

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