Pesquisa do Instituto de Física origina curativo que alivia a dor

Equipamento foi projetado para ser pequeno, flexível e descartável após o uso.

Equipamento foi projetado para ser pequeno, flexível e descartável após o uso

Em 2014, Marcelo Victor Pires de Sousa defendeu no Instituto de Física (IF) da USP seu estudo de doutorado que conseguiu, pela primeira vez, mapear a ação terapêutica do laser, esclarecendo os mecanismos de ação da modulação da dor. Orientada pela professora Elisabeth Mateus Yoshimura, a pesquisa concluiu que a iluminação transcraniana, com laser de comprimento de onda adequado, reduz a dor em várias situações, em diversas partes do corpo, pois age bloqueando a troca de sinais elétricos entre os neurônios.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Os resultados obtidos com o estudo levaram à criação da empresa Bright Photomedicine, que atualmente desenvolve o Light-Aid®, um tipo de curativo aplicado à pele que visa bloquear a dor por meio de reações fotoquímicas. O equipamento, que já foi patenteado pelo pesquisador, funciona acompanhado de um aplicativo que controla a dose e o tipo de luz exata para cada paciente.

A ideia é que ele seja uma solução simples, um curativo que possa ser aplicado às várias partes do corpo e apresente alto desempenho. Projetado para ser pequeno, flexível e descartável após o uso, o produto utiliza fonte de luz e bateria flexíveis envoltos por uma biomembrana. Foram desenvolvidos um software e aplicativo para dispositivos móveis que permitem adequar a melhor dose possível ao tratamento, levando em conta as características pessoais do usuário. A proposta é que esse curativo promova a redução e bloqueio da dor através de doses precisas de aplicação e isso, segundo os pesquisadores, é a chave do tratamento com a fototerapia.

No ano passado, Bright Photomedicine conquistou a primeira colocação no programa de aceleração de startups da Startup Farm, realizada na USP, com o tema “Disrupt: transformando ciência em negócios tecnológicos”.

Pesquisa

Para entender a ação do laser terapêutico contra a dor, foi estudada a região do córtex somestésico primário de camundongos – área do cérebro em que todas as informações sobre dor, em humanos e em animais, são interpretadas. Ao aplicar feixes de laser nessa região, Marcelo de Sousa descobriu, então, que ele agia bloqueando a transmissão de impulsos elétricos entre os neurônios, reduzindo a propagação da dor. “Essa é uma técnica que deveria ser difundida e muito usada, porque só traz benefícios ao paciente”, afirma.

Os resultados mostraram que, após a terapia com laser, a sensação da dor foi reduzida em quatro vezes e o efeito anestésico demorou seis horas para passar. Além disso, não foram identificados marcadores de inflamação e queimadura – o que indica ausência de efeitos colaterais.

Segundo a professora Elisabeth Yoshimura, orientadora da pesquisa, “de tudo que já se estudou nessa área de fotomedicina, com as potências e energias empregadas, e nos comprimentos de onda usados, é possível dizer que em humanos não há efeitos colaterais. Essa técnica já é empregada em fisioterapia, odontologia e em medicina, principalmente como anti-inflamatório, cicatrizante e analgésico, em aplicações locais”.

Reconhecimento

O estudo de Marcelo recebeu menção honrosa no Prêmio Capes de Tese de 2015, ocasião em que o Programa de Pós-Graduação em Física da USP também foi homenageado e recebeu menção honrosa pela excelência no trabalho de formação que vem empreendendo ao longo dos anos.

A tese do físico, “Interação de laser com neurônios: óptica de tecidos e fotoneuromodulação da dor”, teve coorientação do professor Carlos Amilcar Parada e pode ser acessada neste link. Uma parte dos experimentos da tese foi realizada no Wellman Center for Photomedicine – Massachusetts General Hospital, da Harvard Medical School.

Com informações da Assessoria de Comunicação do IF e da Acadêmica Agência de Comunicação

Mais informações: site http://www.dfn.if.usp.br/pesq/dosimetria/

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