Startup criada por ex-aluno da Poli usa tecnologia para o desenvolvimento

A Caos Focado, empresa criada pelo ex-aluno da Poli Miguel Chaves, forma parcerias com a USP e programas internacionais para desenvolver projetos de tecnologia social.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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A escolha de uma carreira empreendedora, principalmente por meio das chamadas startups, atrai muitos jovens que não se veem trabalhando em uma empresa tradicional. Muitos também almejam liderar um negócio que gere não apenas lucro, mas também desenvolvimento para a sociedade.

Em busca deste algo mais, o engenheiro Miguel Chaves, formado pela Escola Politécnica (Poli) da USP, passou a utilizar sua profissão para transformar a vida de populações carentes. A Caos Focado, empresa de consultoria em inovação criada por ele, além de atender diversas demandas do mercado, trabalha junto com a Universidade e programas internacionais para desenvolver projetos que solucionem dificuldades do cotidiano de comunidades por meio da tecnologia.

A escolha pela engenharia se deu pela afinidade com as ciências exatas e também pelo amplo leque de especialidades oferecidas pela área, uma vantagem para alguém que ainda não se sentia pronto para decidir de imediato qual caminho seguir. Durante os primeiros dois anos de ciclo básico do curso, o tempo e as experiências vividas por Chaves o levaram a optar pela engenharia mecatrônica.

“A faculdade para mim foi um laboratório”, conta o ex-aluno, que procurou aproveitar o máximo de oportunidades que a Universidade lhe ofereceu. No primeiro ano na Poli, foi eleito representante de classe. A partir do segundo ano, se envolveu com a Poli Cidadã, uma iniciativa que estimula alunos e professores a desenvolver atividades de caráter social aproximando a Universidade da sociedade. No terceiro ano, foi um dos fundadores do projeto “Engenheiros sem Fronteiras” e, no decorrer da graduação, se envolveu com diversas outras atividades, como o Centro Acadêmico e a iniciação científica. “O mais importante na USP, além das aulas, são as experiências que ela pode prover para você e o network que você estabelece”, acredita.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Em 2006, ainda no segundo ano do curso, Miguel foi selecionado pelo Poli Cidadã para passar um mês em uma comunidade indígena realizando trabalhos sociais. No Jardim Canoanã, na Vila do Bananal, no Mato Grosso do Sul, o ex-aluno pôde vivenciar a rotina daquela população para desenvolver alguma solução de impacto para aquela comunidade. Procurando sanar as dificuldades no armazenamento de grãos causada pela invasão de roedores, o engenheiro ajudou a desenvolver um projeto de armazém sustentado.

O projeto possuía uma parceria com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e possibilitou o intercâmbio de conhecimento com os estudantes da instituição norte-americana. Em 2007, essa parceria permitiu sua integração ao IDDS, Encontro Internacional de Design para o Desenvolvimento Social , iniciativa cujo objetivo é reunir estudantes de todo mundo para desenvolver tecnologia e inovação social em produtos focados nas classes D e E.

Enquanto participava do IDDS e do projeto “Engenheiros sem Fronteiras”, Miguel ajudou a projetar biodigestores que também reciclavam a água, direcionados à população da Índia; computadores de baixo custo para aprendizagem através de jogos para crianças africanas; aplicativos de transmissão de dados de medição de peso e altura de crianças de comunidades afastadas para ajudar no diagnóstico de desenvolvimento desses indivíduos; e modelos de negócios de baixo custo atrelado a seu projeto de conclusão de curso, que visava readaptar a tecnologia de armazenamento e conversão de energia solar do sul do Brasil às favelas.

Focado na inovação social

Em seu último ano de graduação, nutrido com a experiência dos projetos sociais dos quais fez parte, Chaves criou, em conjunto com um sócio, a Caos Focado, empresa especializada em inovação e engenharia de design. Participando de competições na internet, a startup adquiriu visibilidade e verba para sair do papel e permitir que os seus sócios pudessem se dedicar exclusivamente aos projetos da nova empresa.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Em 2012, o IDDS veio para o Brasil com o intuito de desenvolver tecnologias sociais para as favelas de São Paulo. O programa foi aplicado em conjunto com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) nas favelas de Quera Luz e Dois Palitos, em Embu das Artes. Ao mesmo tempo, a Caos Focado passou a oferecer seus serviços para diversas empresas.

A partir de 2013, o IDDS passou a ter como foco a formação dos chamados inovadores sociais. Hoje, a iniciativa conta com uma rede de 350 pessoas ao redor do mundo. Em parceria com o grupo e com a USP, a Caos Focado desenvolve atualmente um Centro de Inovação Social em favelas brasileiras. A ideia é trazer ferramentas de prototipagem – conceito básico da Engenharia – para dentro das comunidades para que qualquer pessoa que tenha uma ideia possa desenvolver um protótipo. “O intuito é que eles se emancipem, desenvolvam suas próprias tecnologias com seus próprios insights para a realidade deles”, finaliza.

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