Workshop aborda aplicações da Inteligência Artificial

Workshop-Escola de Sistemas de Agentes, Seus Ambientes e Aplicações (WEESAC) acontece entre os dias 26 e 28 de maio, na USP e no Centro de Cultura Judaica, em São Paulo.
Jaime Sichman e Anarosa Brandão | Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Inteligência Artificial não é mais um conceito futurista, ou pertencente ao mundo da ficção. Embora sem o quê de fantástico que ganha nos filmes, esta já é uma área de estudos bastante desenvolvida dentro da computação. No mundo real, a I.A. se dedica à resolução de problemas considerados tecnicamente mais difíceis de serem realizados por meio de sistemas comuns, e para isso trabalha com os chamados sistemas agentes.

Segundo o professor Jaime Sichman, da Escola Politécnica (Poli) da USP, o uso desta tecnologia pode, por exemplo, viabilizar diferentes formas de organização de buscas ou de realização de projetos. “Se queremos, dentro de um banco de imagens, buscar uma imagem ou fazer o reconhecimento de alguns padrões, não há algorítimo exato para isso, é então que as técnicas de Inteligência Artificial são usadas”, explica.

Juntamente com a professora Anarosa Brandão, também da Poli, Sichman é organizador do evento Workshop-Escola de Sistemas de Agentes, Seus Ambientes e Aplicações (WEESAC), que acontece entre os dias 26 e 28 de maio, na USP e no Centro de Cultura Judaica, em São Paulo. “Nós queremos efetivamente aumentar a comunidade interessada no assunto, e é uma excelente oportunidade para começar a conhecer o que são agentes”, diz Anarosa, ressaltando que as inscrições também poderão ser feitas durante o evento.

Trabalhando com metáforas

Já há 40 anos, de acordo com Sichman, a Inteligência Artificial busca encontrar e representar processos de resolução de problemas a partir de sistemas em situações em que a inteligência tenha que ser distribuída em pequenos setores com poder de decisão. Como exemplo, o professor cita uma organização como a universidade, que possui entidades que tomam suas decisões isoladamente, buscando um melhor aproveitamento dos resultados para o conjunto. “Cada departamento tem suas metas, a Universidade tem as suas  e todo mundo tenta obter o melhor resultado possível. Quando existe conflito, as pessoas responsáveis negociam”, diz. E é isso que se busca desenvolver com os Sistemas Agentes e Multiagentes.

Para entender de verdade o funcionamento de Sistemas Agentes e suas aplicações, é impossível não se apoiar em metáforas de situações similares existentes na sociedade humana. Em busca de resolver um determinado problema, há uma coleção de entidades que se organizam, coordenam e cooperam entre si para solucioná-lo. Sichman se utiliza do exemplo da “agência de viagens”: para organizar uma viagem é preciso negociar com um agente, ou diretamente com os sites de passagens aéreas ou de reservas de hotéis, cabendo ao comprador – ou ao agente – a função de lidar com os problemas de datas, horários e preços que podem, por ventura, “não se encaixar”. O professor sugere, então, um software que tivesse a autonomia de fazer isso pelo usuário. “Seria como se você dissesse pro software: ‘Tente encontrar e negociar  entre todas as companhias aéreas e hotéis disponíveis quais são  a melhor combinação para mim’”.

Em síntese, a área de Sistemas Agentes e Multiagentes se dedica ao estudo de um conjunto de entidades inteligentes que se coordenam, cooperam, negociam e planejam para poder atingir um objetivo comum. Segundo Sichman, muito da inspiração vem de metáforas sociais, teorias de Ciências Humanas, economia, administração e também de etologia (estudo do comportamento animal); se caracterizando assim com uma área multidisciplinar em essência.

Um sistema “multiáreas”

Sichman ressalta a importância de se estar sempre em contato com outros pesquisadores das áreas das Ciências Política e Sociais. Segundo o docente, existem muitas ferramentas de simulação que podem ser úteis para essas áreas, como sistemas que podem capturar tendências de grupos sociais e simulá-los para a observação de fenômenos emergentes. “É possível ter um nível de abstração superior que possa ter resultados interessantes no ponto de vista de ciências humanas.  Na área de administração, por exemplo, tem muita gente que usa a simulação de agentes econômicos racionais, usando  a Teoria de Jogos”, ressalta.

Com o aumento da complexidade que se associa aos sistemas agentes, uma área que se desenvolve significativamente é a da engenharia para estes sistemas. A professora Anarosa Brandão, da Escola Politécnica (Poli), que se dedica a esta área, comenta que com o tamanho os sistemas atingem, “está ficando cada vez mais difícil implementar e desenvolvê-los, então também há muitas pessoas pensando nas questões da engenharia dos softwares, pois o processo de desenvolvimento é bastante diferente do software convencional”.

Sobre o WESAAC

É para o aumento na divulgação de Sistemas Autônomos que os professores organizam a primeira edição do evento Workshop-Escola de Sistemas de Agentes, Seus Ambientes e Aplicações (WEESAC) fora da região sul do país. Segundo a professora Anarosa, o convite para a realização do evento em São Paulo já é antigo, mas não foi realizado antes por problemas de agenda. O evento começou com um caráter regional, complementa Sichman, “quando os alunos do professor Rocha Costa (UCPel) se uniram para organizar, no Rio Grande do Sul, a primeira edição”

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

A realização do evento em São Paulo também se deve graças ao apoio da Fapesp – além de outros apoiadores como Capes e CNPq. É devido à presença da Fapesp que o evento pôde, pela primeira vez, convidar professores e palestrantes internacionais ‘de primeira linha’, diz Sichman. Esta iniciativa busca torná-lo um evento de abrangência nacional para poder unir os pesquisadores brasileiros que atuam nesta área e já têm visibilidade internacional.

Além das oficinas na parte da manhã, pesquisadores internacionais apresentarão palestras sobre simulações, coordenação e planejamento de agentes, e engenharia de softwares.

O evento – que tem sua abertura no Centro de Cultura Judaica, no domingo, dia 26 – ocorre entre os dias 27, 28, 29 de maio no Centro de Computação e Eletrônica (CCE) e no Centro de Estudos de Computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP. As inscrições pode ser feitas online ou diretamente no evento, e o custo varia de R$ 60,00 a R$ 140,00. O site do evento traz mais informações.

Scroll to top