Adaptado do website do IO
Há exatos 61 anos, por meio de uma lei publicada em 5 de dezembro e assinada pelo governador Lucas Nogueira Garcez, o então Instituto Paulista de Oceanografia foi incorporado à USP com o nome de Instituto Oceanográfico (IO).
Foram momentos tensos, mas essa ideia de Marta Vannucci – que “já era da USP e tinha raízes profundas com a universidade”-, o papel-chave do então reitor, professor Luciano Gualberto, a visão e experiência do professor Wladimir Besnard e o apoio administrativo de Hebe de Campos Salles e Manoel Dias de Araújo, foi feita a passagem do Instituto à USP.
Na comemoração do primeiro aniversário do IO junto à USP, o professor Wladmir Besnard discursou para funcionários, pesquisadores e autoridades da época sobre a importância dessa transferência para a universidade, as pesquisas brasileiras na área de oceanografia e o futuro econômico do país que, segundo ele, seria diretamente influenciado pela mudança.
O docente também deu ênfase à importância do profissional oceanógrafo e a necessidade de valorização da pesquisa científica, fazendo com que o jovem que almeja a carreira se sinta atraído pelos seus atributos. E finalizou:
Se o Instituto pôde chegar à grande data de cinco de dezembro, não o deve a mim, mas ao pequeno núcleo de amigos-colaboradores que se agregaram à minha pessoa desde que aqui cheguei, não com a finalidade de auxiliar um certo sr. Besnard ainda desconhecido e, o que é pior, barbudo, mas para defender uma ideia.
Confira mais alguns trechos deste discurso:
“A pesquisa das leis que regem os oceanos, – cujo conhecimento permitirá a solução de numerosos problemas ligados à Meteorologia, Física do globo, Geofísica, Climatologia, Geologia sedimentária, Biologia etc. “Tudo isso parece abstrata e, para o grande público, até um tanto nebulosa. Todavia, a sequência de resultados mais práticos interessa a todos e a cada um.
(…)
{O} problema fundamental {do nosso Instituto} é estudar tudo o que se relaciona com o conhecimento do “Mar Brasiliensis”: os fundos, suas características, a sedimentação, seus movimentos e modificações: sua vida, a fim de conhecer as espécies animais e vegetais que os povoam, estabelecer suas relações mútuas e com o meio ambiente etc.
(…)
Mas… um navio e uma montanha de boa vontade não são suficientes. É necessário dispor do elemento humano de todos os tipos, desde, por exemplo, um humilde marinheiro, até um especialista em sedimentos oceânicos ou outro para a determinação da biomassa. Não se pode perder tempo. Os ingleses dizem que “tempo é dinheiro”, no nosso caso, o “tempo custa dinheiro”, por isso, não podemos desperdiça-lo. Não somente temos necessidade de indivíduos especializados (desde o marinheiro até o cientista), mas também de material de pesquisa, de consumo e de manutenção.”
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Créditos:
Pesquisa, seleção e digitação de trechos e digitalização do discurso: Eloisa de Sousa Maia
Revisão ortográfica: Rafael Varela
Divulgação: Joaquim Bührer