José Goldemberg recebe segundo título de Professor Emérito na USP

Instituto de Energia de Ambiente outorga o título de Professor Emérito ao ex-reitor da USP José Goldemberg, um dos maiores especialistas em energia no mundo

Instituto de Energia de Ambiente outorgou o título ao ex-reitor da USP, que é Professor Emérito do Instituto de Física e um dos maiores especialistas em energia no mundo

Definir quem é o professor José Goldemberg é um exercício de concisão. Marcada por prêmios e homenagens, atuação em cargos públicos, docência e pesquisa em instituições dentro e fora do Brasil, sua trajetória profissional e acadêmica acaba de receber mais um reconhecimento: o título de Professor Emérito pelo Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP. A cerimônia de outorga do título aconteceu na última sexta-feira, dia 29 de maio, no Instituto de Física (IF) da USP, do qual foi diretor e é também professor emérito.

“Esta é uma cerimônia simples, mas tem um significado extraordinário para o Instituto”, afirmou o então diretor do IEE, Ildo Luis Sauer. A ocasião estava marcada para alguns dias antes, coincidindo com o aniversário de 87 anos de Goldemberg, mas acabou representando o último e um dos mais importantes marcos da gestão de Sauer, que contou emocionado aos presentes um pouco da história do “menino das ruas de Porto Alegre”. Segundo o amigo, gaúcho como ele, aos 12 anos o professor já vislumbrava a missão que teria pela frente, demonstrando inegável vocação para as ciências.

Goldemberg é o primeiro Professor Emérito do IEE. Foi ele, enquanto reitor da Universidade entre os anos de 1986 e 1990, quem promoveu a incorporação definitiva do então Instituto de Eletrotécnica e Energia à USP e quem incentivou a criação dos programas de pós-graduação interunidades que, hoje, formam importantes dirigentes do setor de energia. “Este último ato de minha gestão demonstra gratidão, uma justa homenagem a este amigo, educador e homem público”, revelou Sauer.

Em sua fala, Goldemberg lembrou que, por pouco, o IEE não foi incorporado a outras unidades e comemorou a permanência de um instituto especializado, já que boa parte dos problemas ambientais se originam da forma como se usa a energia. “Como reitor, me pareceu óbvio que a USP seria o lugar certo para sediar estudos aprofundados desta natureza”, contou. À época, o conceito de desenvolvimento sustentável ainda era incipiente.

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Entusiasmo

Embora aposentado, José Goldemberg continua desenvolvendo pesquisas em energia e é fonte recorrente na mídia para esclarecer causas e propor soluções para os problemas da área no país. “Muitos dos professores da USP ignoram a aposentadoria e continuam se dedicando às atividades acadêmicas com todo empenho. É o caso do professor Goldemberg, que se dedica com o mesmo entusiasmo de quando chegou”, afirmou o reitor da USP Marco Antonio Zago. “Trata-se de uma das mais representativas faces da USP para a sociedade brasileira. Não se pode falar da questão energética e de meio ambiente sem falar nele”, celebra o dirigente.

Zago lembrou ainda o papel do professor nas comemorações de 80 anos da USP, na coordenação da comissão organizadora, oportunidade em que promoveu reflexões sobre o passado e os desafios da Universidade nos próximos anos.

Trajetória

Foto: Cecília Bastos
Foto: Cecília Bastos

Interessado nos segredos da matéria, Goldemberg inicia o curso de Química na USP, mas logo se decide pela Física, seguindo na área e tornando-se doutor em Ciências Físicas. Após um período fora do Brasil, em que desenvolve atividades na Universidade de Stanford, volta à USP, desta vez como professor da Escola Politécnica (Poli) e, alguns anos depois, como diretor do IF. A partir de então, assumiria a presidência da Sociedade Brasileira de Física e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Passa a se dedicar à área de energia nuclear, participando ativamente das discussões sobre seu uso no Brasil. Em 1988, publica com outros três colegas o livro “Energy for a Sustainable World”, de grande influência na área.

Enquanto reitor da USP, foi um dos articuladores do processo de autonomia universitária, que garantiu soberania de gestão da Universidade. Foi presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), onde introduziu um departamento de meio ambiente, inédito em empresas de energia até então. Foi Secretário do Meio Ambiente da Presidência da República durante as negociações da Rio-92, conferência que popularizou o termo “desenvolvimento sustentável”. Ocupou também o cargo de Ministro da Educação e de Secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, entre outros cargos na gestão pública.

Em 2008, recebeu o prêmio “Blue Planet Prize” concedido pela Asahi Glass Foundation a personalidades que se destacam em pesquisa e formulação de políticas públicas na área ambiental. Em 2015, foi nomeado pelo governo do Estado de São Paulo para integrar o Conselho Superior da Fapesp.

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