Rosemeire Soares Talamone, do Serviço de Comunicação Social da Coordenadoria do Campus de Ribeirão Preto – imprensa.rp@usp.br
Pesquisadores anunciaram na manhã desta quinta-feira (24) a descoberta do Pampadromaeus Barbarebai, um dos mais antigos membros da linhagem dos dinossauros sauropodomorfos, animal que viveu na Idade Triássica, há mais de 220 milhões de anos na América do Sul. Os esqueletos desse “novo” dino foram coletados em rochas da região central do Rio Grande do Sul, no município de Agudo, em 2006, mas somente este ano tiveram suas características desvendadas. O anúncio foi realizado na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), em Canoas, no Rio Grande do Sul.
Os cientistas concluíram que o animal faz parte do grupo de dinossauros caracterizado pelo hábito tipicamente herbívoro e pelo grande tamanho de alguns de seus membros, como os saurópodos titanossauros, comuns no Cretáceo brasileiro. Entretanto, o Pampadromaeus tinha pouco mais de 1 metro de comprimento, e se alimentava de praticamente qualquer alimento macio que pudesse abocanhar, sejam pequenos animais ou matéria vegetal. Não foram encontradas penas, mas, dizem os pesquisadores, que tudo indica que ele pode ter tido.
Segundo o professor Max Langer, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, que participou dos estudos, os fósseis do Pampadromaeus correspondem ao esqueleto desarticulado de um único exemplar. “O animal pôde ser reconstituído de forma praticamente completa e uma das particularidades mais interessantes da espécie é que ele compartilha muitas características anatômicas com dinossauros do grupo dos terópodos, os bípedes carnívoros que tem no Tiranossauro rex e no Velociraptor seus representantes mais conhecidos.”
Porém, o pesquisador explica que esses são bem mais novos que o Pampadromaeus. “Isso indica que, durante a irradiação inicial de ambos os grupos (sauropodomorfos e terópodos) no Triássico, estes eram representados por organismos muito semelhantes entre si, sendo muito difícil prever que dariam origem a descendentes tão diferentes em termos de morfologia e hábitos.”
Homenagem aos pampas
Esse “novo” dinossauro recebeu o nome o de Pampadromaeus Barbarebai, pois foi descoberto no pampa, vegetação de gramíneas típica do sul do Brasil, Uruguai e nordeste da Argentina, e dromaeus, que em latim significa corredor. Portanto o nome “corredor dos pampas” seria uma alusão ao animal veloz, bem diferente dos seus descendentes saurópodos, quadrúpedes grandes e lentos. Já Barberebai, dizem os pesquisadores, é uma homenagem a Mario Costa Barberena, um paleontólogo do Rio Grande do Sul já aposentado.
Langer diz que bichos parecidos já foram encontrados no Rio Grande do Sul e na Argentina, mas não da mesma espécie e comemora o fato de haver outros três esqueletos de dinos para serem estudados. “Nenhum dos outros é tão pouco parecido com um sauropodomorfo, o que pode sugerir que este seja o mais primitivo de todos.”
A descrição do Pampadromaeus Barbarebai foi publicado no início do mês na revista alemã Naturwissenschaften. Participaram dos estudos os professores Sérgio Cabreira e Lúcio Silva, da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), César Schultz e Marina Soares, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Daniel Fortier, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Max Langer e Jonathas Bittencourt, da FFCLRP.
Ilustração do Pampadromaeus: Gabriel de Mello
Mais informações: (16) 3602-3844 ou email mclanger@ffclrp.usp.br, com o professor Max Langer