Um drone ou Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) desenvolvido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), pela Universidade de Purdue (USA) e a empresa AGX Tecnologia realizou um voo pioneiro no último dia 14 de novembro, em West Lafayette (Indiana, Estados Unidos).
O Vant ou drone utilizado, a segunda versão do ARARA (Aeronave de Reconhecimento Assistidas por Rádio e Autônoma), foi originalmente desenvolvida em conjunto pelo ICMC, pela Embrapa – unidade do Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento em Instrumentação Agropecuária (Cnpdia) e a AGX, dentro do projeto coordenado pelo pesquisador do ICMC Onofre Trindade Jr, que também coordenou a missão realizada em Purdue na primeira quinzena do mês passado. É o segundo voo pioneiro do ARARA, aeronave precursora no Brasil no voo autônomo de Vants de asa fixa em 2005.
O coronel aviador André Pierre Mattei, professor do ITA e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC), participou do experimento na qualidade de principal articulador da parceria entre os centros de pesquisa envolvidos do Brasil e EUA e a AGX. “Este voo do ARARA II é histórico para a indústria nacional de drones”, ressalta Mattei. Também participaram dos trabalhos em Indiana o diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da AGX Tecnologia, Luciano de Oliveira Neris e Alexandre Di Giovani, o piloto mais experiente em operação de Vants civis da América Latina.
Clima congelante
O voo pioneiro de um drone brasileiro nos EUA foi realizado na Fazenda Experimental da Universidade de Purdue, que possui o Certificate of Authorization or Waiver (CAW), uma permissão vigente nos EUA para esse tipo de voo. O feito foi realizado em condições atmosféricas complicadas com a proximidade do inverno no hemisfério norte, estação que traz ventos fortes especialmente na região do meio-oeste americano, além de temperaturas muito baixas. “O drone ARARA já havia mostrado no Brasil que pode cumprir missões em temperaturas escaldantes. Agora foi o batismo dele abaixo de zero, com um clima congelante”, comemora o presidente da AGX, o empresário Adriano Kancelkis.
Luciano Neris relatou que os pesquisadores da universidade americana ficaram impressionados com a rapidez e eficiência das soluções encontradas e implementadas pela equipe da AGX nos trabalhos da parceria. “Mostramos que temos competência técnica e não poupamos esforços para que tudo corresse da melhor maneira possível para mostrar a capacidade de voo do ARARA”, lembrou o diretor de P&D da empresa paulista, sediada no polo tecnológico e aeronáutico de São Carlos.
Na ocasião foi embarcado um sensor hiperespectral da empresa Headwall Photonics que opera como uma câmera de vídeo com 200 frames por segundo. Enquanto uma câmera comum divide a imagem em três imagens nas cores vermelho, verde e azul (RGB), a câmera utilizada nos EUA divide a imagem em 328 imagens, cada uma cobrindo uma tonalidade de cor específica. Isso possibilita a detecção de detalhes, por exemplo na área agrícola, que não podem ser obtidos com uma câmera RGB comum ou outros modelos mais simples. “O processamento dos dados obtidos por esta câmera já é um desafio para identificação de problemas na agricultura”, explica Trindade Jr.
Devido ao custo da câmera utilizada – cerca de US$ 75 mil, o piloto automático utilizado na aeronave apresenta alta confiabilidade pela utilização de três pilotos automáticos operando conjuntamente, para garantir a segurança do voo. Esse piloto automático foi desenvolvido pela AGX Tecnologia e seus parceiros dentro do INCT-SEC.
Pela Universidade de Purdue os trabalhos da parceria foram coordenados pela pesquisadora Melba Crawford, diretora do Laboratory for Applications of Remote Sensing (LARS) e atual Diretora Associada de Pesquisa em Engenharia e professora de Agronomia, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica e Computação na Universidade. O aluno mais ilustre da escola de Engenharia Aeroespacial de Purdue é o astronauta Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua.
Em visita ao Purdue Research Park, realizada no final do primeiro semestre, o presidente da AGX, Adriano Kancelkis, definiu os termos de um protocolo de intenções entre a AGX Tecnologia e a Universidade de Purdue. Segundo a professora Melba, a experiência da AGX em seu segmento foi decisiva para o estabelecimento da parceria para o uso de equipamentos brasileiros nos EUA. A equipe envolvida retornará aos EUA para a sequência dos trabalhos entre os meses de abril e junho de 2014.
Com informações da Assessoria de Imprensa da AGX Tecnologia