Professor da FFCLRP alerta para riscos da queima de poliuretano

Especialista questiona a comercialização de material de isolamento acústico feito de Poliuretano PU, que em queima pode ser mais letal que monóxido de carbono.

Rita Stella / Assessoria de Comunicação do campus de Ribeirão Preto

Em entrevista à Rádio USP de Ribeirão Preto, o especialista em química forense e orgânica Miguel Dabdoub, professor do Departamento de Química da  Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, afirma que gases letais foram responsáveis pela tragédia de Santa Maria (Rio Grande do Sul) e que sobreviventes ainda correm riscos.

As vítimas de intoxicação no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, inalaram os mesmos gases  utilizados nos campos de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial e que ainda são utilizados hoje nas sentenças de morte por gás, nos Estados Unidos.

Ex-aluno da  Universidade Federal de Santa Maria, Dabdoud garante que o envenenamento químico que matou os frequentadores da boate foi devido à ação de várias substâncias tóxicas, formadas em decorrência da degradação térmica do Poliuretano  PU, que é a espuma utilizada no isolamento acústico da boate. Nesse caso, o professor questiona a comercialização desse tipo de material.

Alerta que essas substâncias são muito mais letais que o próprio monóxido de carbono e a inalação, em determinadas  concentrações, pode matar em tempo de, no máximo, dois minutos. Um desses materiais, o isocianato de metila, é o mesmo que matou mais de oito mil pessoas em Bhopal, na Índia, no  pior desastre químico da história da humanidade, causado por vazamento na empresa Union Carbide, em 1984.

Segundo o professor Dabdoub, os gases tóxicos do incêndio da boate em Santa Maria também foram os responsáveis pelas mortes de frequentadores de uma boate em Rhode Island, nos Estados Unidos, ocorridas há dez anos. Para ele, nessa situação, os gases oferecem mais perigo que o próprio fogo. Nesse caso, as portas de saída de emergência, mesmo atendendo as regras de segurança, podem não ser suficientes para não causar mortes.

A tragédia, na opinião do especialista, pode aumentar ainda mais o número de vítimas. As sequelas da intoxicação podem surgir com o passar do tempo, levando ao aumento de internações nos hospitais gaúchos.

Mais informações: email ritastella@usp.br

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