Fórum reúne projetos voltados à sociedade e debate extensão na USP

Reunidos para trocar experiências e discutir o papel da extensão na universidade, projetos da USP se articulam através do Fórum de Extensão.

Articular os projetos de extensão da USP para trocar experiências, potencializar seus trabalhos e expandir a discussão das possibilidades da extensão para toda a universidade. É com esse propósito que surgiu o Fórum de Extensão da USP, coletivo sem estrutura fixa que reúne hoje seis projetos baseados na concepção de comunicação transformadora entre universidade e sociedade.

Segundo Andreza Galli, do Projeto Educar para o Mundo (EPM), o Fórum teve seu início após a primeira Semana de Extensão Universitária (Semexa), organizada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) em conjunto com projetos de extensão, em 2000. O intuito era debater as iniciativas em extensão que os estudantes vinham desenvolvendo e mostrá-las para a Universidade.

Após alguns anos sem uma articulação forte, já que alguns projetos deixaram de existir, o fórum voltou a ganhar força em 2004 e 2005, perdendo novamente espaço e voltando a atuar já em 2010, com uma nova geração de projetos. “Desde 2010 o Fórum tem se reorganizado, construindo uma identidade própria e se engajando cada vez mais em diferentes temas de atuação ou frentes de trabalho”, aponta Tomás Marques, do Laboratório de Extensão (Labex).

Atualmente, os seguintes grupos fazem parte do Fórum:

Serviço de Assessoria Jurídica  Universitária (Saju) – FD: grupo que alia a educação jurídica popular (um intercâmbio de conhecimentos entre educadores e educandos) e a atuação jurídico-forense em uma comunidade da região central de São Paulo.

Escritório Piloto (EP) – Poli: desenvolve projetos de cunho social e ambiental, em conjunto com a sociedade de baixa renda, de forma a incrementar o desenvolvimento humano e econômico dessas comunidades.

Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) – PRCEU: programa que trabalha para o desenvolvimento da Economia Solidária, baseado nos princípios de autogestão, interdisciplinaridade e aprendizado mútuo.

Projeto Educar Para o Mundo – IRI:  promoção na escola de atividades culturais e de estratégias de formação de professores de ensino fundamental e médio para abordagem de temas internacionais, além de formação contínua para a educação em direitos humanos.

Projeto Redigir – ECA: curso de português e comunicação oferecidos por estudantes da USP para pessoas que vieram do ensino público, com o objetivo de que os alunos usem a língua como instrumento de inserção social.

Laboratório de Extensão (Labex)  – EACH: com a proposta de articular, refletir e fomentar atividades de extensão, desenvolve projetos como “Economia da Cultura na Associação Comunitária Paulo Freire”, “Cine Escola” e “Cooperativa de Costura no Jardim Apuanã”.

Extensão popular

A extensão universitária pode ser entendida de diversas maneiras. Segundo a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP, sua natureza é de extrema complexidade e ainda permanece bastante indefinida, cobrindo um arco amplo de ações: das atividades essenciais de atendimento público como a clínica, aos cursos de especialização, convênios, desenvolvimento e ensino.

Para os grupos integrantes do Fórum, a extensão deve ser vista como popular e emancipadora.

“Nós temos um viés de que a extensão é dialógica, não é assistencialista nem unidirecional. É uma troca, de igual para igual”, afirma Danilo Queiroz de Souza, da ITCP.

De acordo com ele, a extensão popular busca dialogar com a realidade das comunidades mais pobres, não apenas levando o conhecimento a elas. “Passa por um processo de educação e visão de mundo, para que eles se tornem sujeitos políticos dessa transformação que a gente gostaria de ver”, completa.

Bruno Nogueira Fukasawa, membro do EP, acrescenta: “Não queremos prestar um serviço ou participar por um sentimento de culpa. É um projeto em que todos aprendem e ensinam. Tem quer ser algo sincero e humilde”.

Atuação

A atuação do fórum é planejada por meio de reuniões mensais, em que, além de debater temas relacionados e trocar ideias, os projetos expõem o andamento de suas atividades e tentam criar uma agenda comum durante o ano para divulgação da extensão na universidade.

“Tentamos demonstrar que a extensão é um meio importante para se aprender e para se fazer pesquisa, é um tipo de ensino diferenciado que tem um contato com a comunidade e com a realidade exterior”, afirma Paulo Diaz, membro da ITCP. Mas acrescenta: “cada núcleo tem seu trabalho individual, e o fórum tenta aproximá-los ideologicamente e em ações.”

Entre as últimas ações conjuntas do Fórum estão a pintura do muro da Comunidade São Remo, que fica ao lado da Cidade Universitária, e a construção de uma tenda na Calourada Unificada deste ano, com o objetivo de divulgar uma cultura de extensão dentro da USP.

Além disso, entre os eventos planejados para este ano estão o Congresso Paulista de Extensão Universitária (Copex), organizado pelas pró-reitorias das Universidades Públicas do Estado de São Paulo, e o Seminário Nacional de Pesquisa em Extensão Popular (Senapop), organizado pela Articulação Nacional de Extensão Popular (Anepop) e que acontecerá na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Na USP

A USP possui hoje projetos de extensão em diversas áreas, muitos ainda desconhecidos pela comunidade acadêmica e também entre si. Danilo, do ITCP, acredita que “é uma tarefa do fórum se aproximar desses outros grupos que existem na USP para conseguir dar voz à essa visão de extensão”.

Além disso, por ser uma universidade pública, é um compromisso da USP devolver à sociedade o que ela investe na instituição. Para Carolina Linhares, do Projeto Redigir, falta associar essa abertura à sociedade com os projetos de extensão.

“Ano passado houve uma grande discussão sobre abrir a universidade, e quantas vezes foi falado de extensão? As pessoas não ligam uma coisa com a outra”, aponta ela.

Assim, para fortalecer a extensão como um dos eixos que compõem o tripé da universidade – ensino, pesquisa e extensão -, o que o fórum propõe seja talvez o que está faltando: uma melhor articulação desses projetos para enraizar a visão da universidade pública como um espaço aberto e inclusivo.

Mais informações: site http://forumextensaousp.wordpress.com 

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