Apesar da minha história acadêmica na USP só ter começado em 2016, quando iniciei o doutorado na FMUSP, minha história de vida na USP começou bem antes, aos 5 anos de idade. Ao perceber um vão maior do que o normal entre meus dentes frontais, meus pais passaram a me levar aos atendimentos gratuitos na Odontologia USP. Lembro perfeitamente de todo o processo: acordar bem de madrugada e ir até a Cidade Universitária para fazer o atendimento, comer um pão de queijo e pedir uma dentadurinha mecânica de presente pra minha mãe pós atendimento e a saga de voltar para casa, na Zona Leste.
Era atendida pela Dra. Ana Estela Haddad e pelo Dr. Ricardo (que infelizmente não lembro o sobrenome). Foram eles que descobriram que o diastema que eu tinha era muito maior do que os que eles costumavam ver na clínica e a cirurgia foi inevitável. Aparentemente era um diastema raro, interessante para aprendizado e, por isso, solicitaram aos meus pais que a cirurgia fosse transmitida ao vivo para alunos da Odontologia no Centro de Convenções Rebouças.
Meus pais, sentados na plateia, contam até hoje que eu olhava de rabo de olho para a câmera instalada na minha frente e dava tchauzinho para a plateia, no meio da cirurgia, pois estava achando o máximo ser ‘televisionada’. Dizem que os alunos da plateia riram bastante e que foi assim ao longo de toda a cirurgia: olhava pra câmera entre as mãos dos dentistas e dava um tchauzinho disfarçado.
Hoje, meu sorriso é alinhado graças aos atendimentos gratuitos da FO-USP e ainda tenho essa história incrível, de ter sido tema de congresso acadêmico, pra contar.