No esporte e nas pesquisas, Brasil é destaque mundial no judô

Artigo publicado pelo periódico internacional Archives of Budo avaliou o Brasil como um dos principais polos de produção científica sobre o esporte, ao lado de países como Japão e França.

Na última semana, o Rio de Janeiro sediou o Campeonato Mundial de Judô – Rio 2013. Essa foi a terceira vez que o Brasil recebeu a competição, e nesse ano a equipe brasileira bateu o recorde de medalhas – seis no total. A melhor marca até então era a do Campeonato Mundial de Paris (França), em 2011, com cinco medalhas. Além das conquistas em Mundiais, o judô é o segundo esporte que mais trouxe medalhas olímpicas para o Brasil, com 19 medalhas olímpicas – o que demonstra a importância do esporte para a nação. Mas não é apenas no tatame que o Brasil é reconhecido internacionalmente.

Um recente artigo publicado pelo periódico internacional Archives of Budo avaliou o Brasil como um dos principais polos de produção científica sobre o esporte, ao lado de países como Japão e França. Dos cinco pesquisadores brasileiros citados no artigo, quatro são ligados à USP. Dentre eles está Emerson Franchini, professor associado à Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) e líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate.

Franchini, apontado no artigo como o pesquisador com maior produção científica entre os anos de 2001 e 2010, participou como membro da comissão técnica da seleção brasileira de judô durante o período de estruturação da equipe e durante os Jogos Olímpicos de Londres – cujos resultados representaram o melhor desempenho do Brasil na história da competição. Assim, é possível associar a sua produção acadêmica com a premiação obtida pelos judocas.

“Tenho transferido os conhecimentos produzidos nessa área por meio da atuação na preparação física de atletas de judô, com resultados positivos em competições de alto rendimento”, comenta Franchini, referindo-se aos Jogos Pan-Americanos (bronze de Alexandre Lee e prata de Leandro Guilheiro, nos Jogos do Rio de Janeiro em 2007; prata de Rafael Silva e ouro de Leandro Guilheiro e Tiago Camilo, nos Jogos de Guadalajara em 2011), aos Campeonatos Mundiais (prata em 2010 e bronze em 2011 de Leandro Guilheiro) e aos Jogos Olímpicos (medalhas de bronze de Leandro Guilheiro, em Beijing 2008, e Rafael Silva, em Londres 2012).

Produção científica e preparação dos atletas

O judô sofreu uma considerável expansão pelo mundo nos últimos 50 anos. Hoje, mais de 180 países são filiados à Federação Internacional de Judô e a modalidade é reconhecida internacionalmente pela sua relevância no cenário das lutas marciais. No  entanto, como aponta o artigo da Archives of Budo, as pesquisas científicas na área não se desenvolveram muito no mesmo período, se comparadas com estudos realizados em outros esportes.

No caso do Brasil, e mais precisamente da USP, a atuação na preparação de atletas de alto rendimento, via atividade simultânea proporcionada pela Universidade, tem permitido uma contribuição para o desempenho desses lutadores, bem como para o estabelecimento de novos temas de pesquisa que poderão ser transferidos ao setor competitivo do esporte. Em tempos de preparação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, é ainda maior a importância de pesquisas nesse formato.

A sistematização do treinamento no judô é complexa, pois se trata de um esporte que combina diversas capacidades motoras. Três delas formam a base de sustentação do processo de treinamento de judocas: força, velocidade e resistência. O trabalho de pesquisa junto aos judocas, define Franchini, se configura como uma via de duas mãos. “Por atuar com esses atletas de alto rendimento, encontro problemas de pesquisa que não encontraria se não o fizesse. E, por outro lado, como pesquiso sobre o judô, acabo utilizando meios de treinamento que não usaria se não estudasse”.

A melhor compreensão das demandas que existem hoje na modalidade, portanto, é um aspecto essencial para o aperfeiçoamento dos métodos de treinamento. Por isso, destaca-se a importância do incentivo à disseminação dos resultados obtidos pelos grupos de estudo nos mais variados formatos: livros, publicações em periódicos, sites especializados, palestras e cursos de atualização. Afinal, todos esses métodos auxiliam na melhora da atuação de treinadores, preparadores físicos e demais profissionais envolvidos com o esporte, resultando em um melhor desempenho competitivo dos atletas.

Mais informações: email emersonfranchini@hotmail.com, site http://esportesdecombate.blogspot.com.br/

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