Hérika Dias / Agência USP de Notícias
O Grupo de Estudos e Pesquisas Epidemiológicas em Atividade Física e Saúde (GEPAF), do curso de Educação Física e Saúde da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, realizou um estudo para testar diferentes estratégias de promoção à atividade física. As intervenções foram realizadas no distrito de Ermelino Matarazzo, extremo leste da cidade de São Paulo, e mostraram que as pessoas incorporam mais a atividade física no dia a dia quando recebem capacitação e orientação. Além disso, a atuação de agentes comunitários de saúde é um grande promotor no estimulo à prática esportiva.
A proposta da pesquisa Ambiente Ativo na promoção da atividade física em Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo surgiu depois de um levantamento de 2007, que mostrava que 68% da população adulta do distrito não praticava nenhum tipo de atividade física no tempo de lazer, 14,3% não caminhava como forma de deslocamento e 47,1% não atingia a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de, pelo menos, 150 minutos por semana de prática de atividade física.
De acordo com o coordenador do GEPAF e professor do curso de Educação Física e Saúde da EACH, Alex Florindo, “a partir desses dados e levando em consideração o ambiente no qual essa população está inserida, foram propostas diferentes estratégias de promoção da atividade física, por meio do Sistema Único de Saúde [SUS] e da Estratégia Saúde da Família [ESF]”. O projeto recebeu verba da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e as intervenções começaram em 2011.
Intervenções
A primeira comparou três grupos formados por aproximadamente 50 adultos cada: um participou de um programa de educação em saúde, o outro realizou um programa de exercício físico supervisionado e o terceiro era o grupo controle. “Na intervenção educativa, as pessoas recebiam orientação sobre saúde, nutrição, conceitos de atividades físicas, elas também foram capacitadas para praticarem atividades físicas sozinhas utilizando os espaços próximos a sua casa. Já a intervenção de exercício físico orientada é a tradicional, em que as pessoas realizam a prática de exercícios físicos com um profissional orientando”, explica Florindo.
Os grupos foram analisados por 18 meses. Nos primeiros seis meses o grupo que mais se exercitou foi aquele que recebia orientação de profissionais. Até os 12 meses, eles mantiveram o ritmo, mas após esse período o grupo que recebeu a intervenção educativa foi o que mais manteve a prática de atividade física no dia a dia.
“As duas intervenções deram certo no sentido que a comunidade passou a se exercitar mais, no entanto, a incorporação das atividades físicas na rotina diária, a longo prazo, foi maior entre as pessoas que receberam informações sobre como realizar atividades físicas mesmo quando não houvesse um professor ou profissional para orientar”, disse o professor da EACH.
Agentes de saúde
Os pesquisadores também verificaram o impacto da promoção da atividade física mediante a intervenção dos agentes comunitários de saúde em suas visitas domiciliares no distrito Ermelino Matarazzo. Eles participaram de um trabalho de ampliação de conhecimentos e ainda receberam material educativo elaborado pelo GEPAF, que envolveu reuniões com discussões em grupos entre pesquisadores e profissionais.
Segundo o professor Alex Florindo, “o foco dessa intervenção era capacitar o agente de saúde, já que a promoção da atividade física ainda não está totalmente incorporada ao trabalho de visitas, mesmo sendo uma das medidas necessárias para prevenção em saúde”. Também foi oferecido aos agentes um programa de atividade física para que eles pudessem vivenciar práticas agradáveis a ser incorporadas no dia a dia deles.
“Conseguimos construir um modelo de promoção da atividade física por meio de visitas domiciliares de forma conjunta com os agentes comunitários de saúde que foi resultante do processo de educação em saúde, informa Florindo.
Prêmio
Em novembro, a pesquisa da EACH recebeu prêmio no nono Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde, em Curitiba. O artigo científico foi premiado como melhor trabalho publicado no último biênio na seção de “Do diagnóstico à ação” da Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde (volume 17, número 3, páginas 235 a 238, 2012).