Pequenos animais terrestres, pássaros diversos e espécies arbóreas de diferentes portes, como ipê roxo, ipê amarelo, pau-brasil, canela, aroeira mansa e araucária têm nos arredores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, seu habitat.
Toda esta riqueza inspirou o professor José Carlos Maldonado a idealizar um museu vivo, a céu aberto, como componente das atividades de cultura e extensão do ICMC. Agora, dois anos depois, o projeto do Museu da Fauna e da Flora do ICMC começa a se concretizar, centrado no objetivo de divulgar a biodiversidade do Instituto.
O cadastro das árvores do campus de São Carlos – um trabalho anterior, já realizado em todos os campi – foi de grande ajuda para o atual projeto de catalogação da flora do espaço. Ele indicou a localização exata das árvores, além de dar uma dimensão da quantidade de trabalho que a equipe teria pela frente.
A proposta do museu, porém, é a de ampliar esse catálogo. Indo além da identificação da espécie e da sua localização, planeja-se incluir a idade dos espécimes, a sua inserção na história do instituto, as características da sua composição e da capacidade de adaptação ao meio, e o histórico de atuação da Brigada de Arboristas com aquele espécime. Este último projeto é também parte do programa ICMC de Gestão Socioambiental, que tem como função o gerenciamento de riscos das árvores do entorno, sendo ambos apoiados pela Superintendência de Gestão Ambiental da USP.
(Leia mais em ICMC forma primeira Brigada de Arboristas da USP)
A maior novidade, no entanto, fica por conta dos registros da fauna, ainda não explorados anteriormente e que, por sua vez, revelaram “gratas surpresas” – nas palavras de Paulo Celestini, funcionário do gabinete de Planejamento e Gestão do ICMC.
De acordo com Celestini, um dos objetivos do trabalho é estabelecer um modelo que permita a qualquer unidade da USP implementar um museu do gênero em sua área. “Temos em mente que cada unidade ou campus pode ter essa mesma iniciativa”, planeja.
Aqueles que visitarem o museu encontrarão, próximo a cada exemplar catalogado – ou na área de ocorrência da espécie, no caso de animais – uma placa referente ao espécime visualizado. Por meio dela, com uso do QRCode – código de barras bidimensional lido por celulares e tablets – será possível o acesso virtual ao museu e às informações detalhadas. Além disso, o Instituto também estuda a possibilidade de inserção de chips nas árvores, o que facilitaria a reunião de informações e a catalogação.
Celestini ressalta a importância de se ter apoio de um sistema web para a disponibilização do Museu da Fauna e Flora, inclusive sendo este um sistema de software livre e desenvolvido no Núcleo de Apoio à Pesquisa de Software livre (NAP-SoL) do ICMC, coordenado por Maldonado. A professora Elisa Yumi Nakagawa conta que está em desenvolvimento um “sistema web voltado à disponibilização de informações de bens patrimoniais – neste caso as espécies vegetais e animais – por meio da plataforma Memória Virtual, que possui apoio da FAPESP”. Ela cita ainda a meta de se disponibilizar uma interface interativa e moderna voltada à atração de visitantes.
A equipe responsável pela realização do museu é composta pelos professores Maldonado e Elisa; pelos analistas Paulo Celestini e João Salla, ambos do gabinete de planejamento e gestão; por Luís Carlos Dota, funcionário da assistência técnica administrativa; pela arquiteta Sônia Costarti e pelo estagiário Paulo Sérgio Poli Júnior. Além desses, os servidores aposentados ou ativos do Instituto e da Prefeitura do Campus, em especial das áreas de jardinagem e serviços gerais, estão sendo convidados para se tornarem contribuintes eméritos na catalogação das espécies. Já a comunidade, por sua vez, é instigada a participar com curiosidades e fotografias das espécies, tornando a constituição do acervo um trabalho colaborativo.
Dentre as atividades do museu, estão previstas, já para este semestre, o Curso introdutório de fotografia de pássaros e aves e uma palestra sobre as aves de São Carlos.
O Museu da Fauna e Flora do ICMC é vinculado à Comissão de Cultura e Extensão do instituto e tem o apoio da Superintendência de Gestão Ambiental da USP. A plataforma Memória Virtual faz parte do projeto de pesquisa “Memória Virtual”, que foi inicialmente financiado como um projeto de políticas públicas da Fapesp.
Mais informações: (16) 3373-6605 / 6626, site http://mff.icmc.usp.br