Concluí meu doutorado em História Econômica pela USP. Em 2019, tornei-me o primeiro surdo com perda bilateral profunda a defender uma tese na USP, marcando um feito notável em minha trajetória. Em 2017, ganhei destaque em várias reportagens, incluindo na Folha de S. Paulo, e em outros veículos de comunicação por ser um dos primeiros surdos a ocupar o cargo de professor na rede municipal de educação de São Paulo.
Posteriormente, em 2019, fui aprovado em um concurso no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense, assumindo o papel de docente. Atualmente, ocupo o cargo de coordenador da Licenciatura em História e Chefe do Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão no IFSul, desempenhando um papel de liderança na rede federal de educação profissional tecnológica.
Além disso, sou professor no Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, orientando dissertações de mestrado e teses de doutorado. Destaco que sou o primeiro surdo a integrar um Programa de Pós-Graduação na área de História, com classificação Capes 7.
Embora tenha alcançado diversos marcos, não me orgulho de ser o primeiro em tudo, considerando que há aproximadamente 10 milhões de surdos no Brasil, e ainda somos poucos a ocupar cargos de liderança. Minha jornada foi possível graças ao apoio fundamental do meu orientador de doutorado na USP, Rodrigo Ricupero. Ele demonstrou incrível paciência, prorrogando meu doutorado por quase 8 anos, com a convicção de que minha defesa só seria aprovada quando eu estivesse apto a competir e defender a inclusão em qualquer lugar do mundo.
Desde 2012, a USP tem sido uma parceira constante em minhas lutas pela inclusão de pessoas com deficiência. Atualmente, desempenho a luta da elaboração de documentos e resoluções que garantem a acessibilidade do grupo PcD. Em meio aos 90 anos de história da USP, sugiro que explorem a abordagem da inclusão de pessoas com deficiência e o papel desempenhado pela universidade na contemporaneidade.