No sábado acontece a abertura de ISSOÉOSSODISSO, com performance da artista visual
No próximo sábado, dia 30 de abril, o Paço das Artes inaugura, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, ISSOÉOSSODISSO, da artista visual e poeta Lenora de Barros. Sob a curadoria de Priscila Arantes, diretora artística da instituição, a mostra traz mais de 20 obras, incluindo um vídeo inédito. Segundo a curadora, é como uma metáfora do processo de criação da artista, onde é possível perceber como as obras sempre se desdobram em outras: um texto escrito transforma-se em vídeo, uma performance se desdobra em uma videoperformance. Caso também da performance Pregação, que a artista apresenta na abertura, uma releitura das obras Calaboca e Silêncio (1990/2006), também presentes na exposição.
O poema que dá título à mostra foi criado em 1996 para uma performance que a artista realizou com Arnaldo Antunes durante um congresso da Sociedade Brasileira de Psicnálise (“O Desejo é o Começo do Corpo/O Corpo não Mente”), e que se desdobrou em um poema visual exibido em mostra no Rio de Janeiro, em 2010. A partir do recorte da curadoria – o viés performático de sua obra – é que a artista percebeu que seu trabalho funciona como “isso é osso disso”. Para a curadora, o trabalho de Lenora de Barros é um “eterno work in progress”. Formada em Linguística na USP, as primeiras experiências da artista, nos anos 1970, se deram a partir da palavra e da fotoperformance, sob a influência da poesia concreta. Segundo Lenora, seus trabalhos sempre procuraram uma poética que contemplasse o verbal, o sonoro, a oralidade e o visual.
A mostra também resgata a reflexão da artista acerca do conceito de antropofagia, formulado por Oswald de Andrade na 24ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1998, conhecida também como Bienal da Antropofagia. Na bienal, Lenora de Barros, ao lado de Arnaldo Antunes e Walter Silveira, apresentou a instalação A contribuição Multimilionária de Todos os Erros, que contava com plotagens fotográficas, entre elas Língua Vertebral e No País da Língua Grande Dai Carne a Quem Quer Carne, em que a artista aparece mastigando a própria língua – trabalho transformado em videoperformance em 2006. A imagem da língua aparece pela primeira vez na obra de Lenora no célebre Poema, fotoperformance de 1978, em exibição na mostra, que traz também a primeira videoperformance de sua carreira, Homenagem a George Segal, dirigida por Walter Silveira, poema visual de 1975, que dez anos depois se transformou em videoperformance.
A exposição ainda traz o conjunto de trabalhos criado a partir da obra Procuro-me (2001), publicado no caderno Mais! da Folha de S. Paulo, logo após a queda das Torres Gêmeas de Nova York, que se transformou em uma série de cartazes, e depois em mural lambe-lambe e vídeo. Exibidos na fachada do Centro Universitário Maria Antonia, em 2002, os quatro cartazes plotados foram pichados, alguns recortados e roubados 15 dias após a abertura – um grupo autodenominado Art-Atack assumiu as pichações. A artista recuperou essas imagens, resultando nas obras da série Retalhação. A artista ainda criou um novo mural de lambe-lambes, que mistura a imagem original dos cartazes de Procuro-me com imagens da intervenção do Art-Atack, enviadas pelo grupo à artista, além de documentos, como as cartas originais que recebeu na época. Segundo a artista, Procuro-me vai continuar, sempre, a “me procurar”. É um outro “osso disso”.
A exposição ISSOÉOSSODISSO será inaugurada dia 30 de abril (sábado), às 15 horas, com apresentação da performance Pregação às 16h30. Na Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363, Bom Retiro). Em cartaz até 30 de julho, de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 21h30, e aos sábados, das 13h30 às 20h30, com entrada gratuita. Agendamentos de visitas orientadas podem ser feitos pelo email educativo@pacodasartes.org.br.
Mais informações: (11) 3222-2662, site www.pacodasartes.org.br