Camila Ruiz / Assessoria de Imprensa da EERP
O apoio do marido, da irmã e de toda a família foram decisivos na recuperação de Neide Aparecida Justino Rosa, no processo de tratamento e reconstrução da mama, por conta de uma cirurgia para retirada de um tumor. Ela é uma das centenas de mulheres que passou pelo Núcleo de Ensino, Pesquisa e Assistência a Mulheres Mastectomizadas (Rema). “Descobri sozinha o caroço e fui ao médico para tirar, pois incomodava. A biópsia mostrou que era câncer. Além do apoio, minha família também me deu de presente o silicone para a reconstrução. Isso faz 10 anos e até hoje não atrapalha em nada”, afirma.
A declaração de Neide confirma os resultados do mestrado da enfermeira Aline Inocenti, de que a participação da família, amigos e dos grupos de reabilitação são essenciais na reinserção das mulheres com câncer de mama na sociedade.
O trabalho, desenvolvido na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, avaliou 14 mulheres submetidas à cirurgia para reconstrução mamária e cadastradas em um serviço especializado de reabilitação pós-mastectomia. O objetivo do estudo foi compreender como é a experiência da reconstrução mamária na vida de mulheres com câncer de mama.
Foi realizado um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, onde foram observados, registrados, analisados e correlacionados fatos e fenômenos, sem interferência no objeto investigado. “Para compreender a experiência da reconstrução mamária pós-câncer de mama, a pesquisa qualitativa mostrou-se adequada a este estudo por permitir a flexibilidade necessária para que os próprios sujeitos sejam capazes de apontar os aspectos relacionados à reconstrução que julgarem relevantes”, afirma Aline.
Em seu trabalho, ela ainda utilizou para análise um diário de campo como recurso para anotações complementares com o propósito de auxiliar na interpretação dos dados. “As notas de campo forneceram subsídios para a compreensão do contexto no qual as entrevistadas se inseriam e seu modo de agir e reagir às questões que lhes eram feitas, auxiliando, portanto, na compreensão de sentidos implícitos nas falas”, avalia.
Após a análise dos dados, a pesquisadora concluiu que a recuperação da mama devolveu a autoestima a algumas mulheres e, ainda, a sensação de estarem completas novamente.
“A reconstrução mamária as ajudou a recuperar a autoimagem e a superar o trauma causado pela doença. As redes de apoio às mulheres com câncer se mostraram presentes em todas as fases do adoecer, desde o diagnóstico até a reabilitação.”
Aline é enfática ao dizer que foram fundamentais no processo o apoio e suporte da família, principalmente no que diz respeito aos aspectos financeiros e aos cuidados após a cirurgia. O papel dos amigos também foi essencial como fonte de estímulo e apoio à realização da reconstrução. Já o grupo de reabilitação, com um ambiente no qual receberam informações a respeito da doença e estímulo a desenvolver novas habilidades, facilitando a melhora física e psíquica, foram fundamentais para a reinserção das mulheres na sociedade. “Por compartilharem dos mesmos problemas, essas mulheres dividem histórias de insegurança, medo, superação e conseguem, ao longo do tempo, tornar-se também fonte de apoio às demais integrantes do grupo”, finalizou.
O mestrado “A experiência da reconstrução mamária para mulheres com câncer de mama”, foi orientado pela professora Marislei Sanches Panobianco e defendido no mês de março deste ano na EERP.
Grupos de Reabilitação
Há mais de dez anos o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Assistência a Mulheres Mastectomizadas (Rema), na EERP, colabora no processo de reabilitação dessas mulheres e dá assistência também a seus familiares. O núcleo tem em sua equipe enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e nutricionistas contando com o espaço físico disponibilizado pela EERP. Qualquer mulher com diagnóstico de câncer de mama pode fazer parte do REMA gratuitamente. Mais informações no site do Rema.