Em maio de 2006, uma resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) determinou uma reformulação nos cursos de licenciatura. A partir de então, as instituições de ensino superior deveriam fornecer uma formação mais ampla aos seus alunos, capacitando-os para a aplicação de conhecimentos históricos, filosóficos, políticos, entre outros, ao campo da educação. Foi assim que, em 2009, teve início o projeto USP Ensina Sociologia, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
Agora, apesar de a maior parte da modalidade ainda ser realizada na Faculdade de Educação (FE), os alunos de licenciatura complementam os seus estudos em outras unidades da Universidade. “Parte da licenciatura começou a ser realizada na Faculdade de Filosofia”, explica a professora Ana Paula Hey, que coordena o projeto através do Laboratório de Ensino de Sociologia (LES).
O projeto desenvolvido com os alunos é baseado em um estágio de aproximadamente 200 horas, onde são oferecidas atividades acadêmicas relacionadas ao tema, além de exercícios extras, que envolvem a pesquisa e a elaboração de conteúdos didáticos para professores do ensino médio. A ideia é, ao mesmo tempo, orientar o estudante a produzir material para utilização em sala de aula, e possibilitar aos professores de diversas áreas de formação um maior contato com os conteúdos específicos de Ciências Sociais.
Produção de conteúdo
Como já existia uma metodologia própria na Faculdade de Educação, o desafio do projeto era criar uma experiência que não fosse apenas repetir o que já era oferecido na outra unidade. “Nós tínhamos que fazer um projeto que não se interpusesse à FE”, diz Ana Paula. Por esse motivo, as atividades foram mais voltadas para o auxílio do professor por meio da elaboração de conteúdo, e não para o cotidiano da escola.
Para isso, foi montado um site onde os alunos podem disponibilizar para consulta todo o material que produzem durante as atividades. De acordo com a professora, o trabalho geralmente resulta em uma série de materiais e estratégias didáticas relacionados a determinado assunto. “A nossa intenção é fundamentar melhor os professores das escolas públicas e privadas”.
Ela conta que existe ainda uma preocupação em deixar a possibilidade de adaptação do material disponibilizado. “Tentamos fazer um processo de ampliação do repertório do professor”. Apesar de o produto final do projeto ser um site, Ana Paula afirma que todas as etapas iniciais, como planejamento e análise de conteúdo, são feitas com orientações. “Todo o trabalho de acompanhamento é presencial”.
Retorno dos professores
Segundo Ana Paula, porém, todo esse forço pode não ser tão eficaz sem a participação dos professores. Ela conta que, até agora, a maior parte dos retornos que recebeu foram de docentes de fora do estado de São Paulo, principalmente do Paraná. Para a professora, o sucesso do projeto depende diretamente desse retorno, pois é ele quem vai orientar os alunos a transformarem um conteúdo acadêmico em um conteúdo didático. “[O projeto] só se realiza com a interface do professor”, diz.
Por esse motivo, terá início em breve a segunda fase, em que os alunos irão até as escolas públicas para fazer a divulgação do trabalho. Ana Paula afirma que assim que o site estiver bem estruturado e com o conteúdo organizado, as visitas começarão. Ela explica também que, nessa etapa, o foco é somente as escola da rede pública de ensino. Para a professora, essa é uma forma de “a USP, como universidade pública, atender as escolas públicas”.
Mais informações: www.ensinosociologia.fflch.usp.br