Se você tem 20 anos, saiba que, até hoje, seu coração já bateu aproximadamente 752.398.736 vezes. Por toda uma vida são quase três bilhões de batidas. O “contador de batimentos” é apenas uma das atrações da exposição Vias do Coração, que abre suas portas nesta quinta-feira, 1º de novembro, para o público na Estação Ciência (EC) da USP.
A exposição é resultado de uma parceria da EC com a empresa Sanofi e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz – Museu da Vida/Casa de Oswaldo Cruz) e integra o projeto Ciência Móvel – Vida e Saúde para Todos, do Museu da Vida. Em um caminhão, esse museu de ciência itinerante percorreu 62 cidades da região Sudeste e desde de 2008, quando Vias do Coração foi lançada na própria Estação Ciência, cerca de 45 mil pessoas já passaram pela exposição.
Vias do Coração volta à EC mais moderna e completa. Cristina Moscardi, diretora de comunicação e responsabilidade social da Sanofi e coordenadora executiva da exposição, explica que o visitante percorre um trajeto circular. “O circuito é pensado de modo que antes de chegar às patologias relacionadas ao coração, o público possa entender a anatomia do órgão, seu funcionamento, como situá-lo dentro do sistema circulatório e quais os componentes do sangue”.
Essas são as estações periféricas, com conteúdo mais acadêmico e imagens de alta resolução, mas apresentadas de forma acessível a todos. Segundo Cristina, entendendo primeiro esses conteúdos, fica mais fácil compreender as estações centrais Hipertensão e Diabetes, expostas de forma lúdica, com linguagem próxima ao dia-a-dia do público, incluindo elementos históricos – como a história da insulina – e curiosidades.
Novas atrações
A estação Diabetes é, inclusive, uma das novidades da exposição que surge em boa hora: 14 de novembro é o Dia Mundial do Diabetes. 347 milhões de pessoas possuem a doença no mundo, segundo dados de setembro deste ano da Organização Mundial da Saúde (OMS). Inteiramente novo, o painel da estação apresenta informações, por exemplo, sobre a origem e processamento do açúcar no corpo humano, a diferença entre os tipos de diabetes e o que fazer para conviver de forma saudável com a doença.
Inédito também é o coração gigante criado pelo escultor Gil Verx, com dois metros de altura, logo no início da exposição. Ele simula sonoramente o ritmo das batidas de um coração em variadas situações, desde uma pessoa dormindo a quando ela está disputando uma corrida de São Silvestre. Além disso, professores e estudantes da área da saúde recebem um cartão que dá acesso ao site em que podem fazer downloads gratuitos de 80 ilustrações do coração e suas estruturas. As imagens são de Junior Falcetti, ilustrador especializado em artes médicas.
As crianças vão pensar ‘mas quem
cuida do nosso coração?’. Elas são nossos
futuros médicos, enfermeiros, nutricionistas.
– José Antonio Visintin
“Problemas no coração ainda são a principal causa de morte no Brasil, sendo que a maioria poderia ser tratada ou prevenida”, afirma José Antonio Visintin, diretor da Estação Ciência. Cristina explica que o Brasil tem uma das populações que mais envelhecem no mundo e, com isso, o impacto de doenças crônicas relacionadas ao coração tende a aumentar de forma significativa ao longo dos anos. “É exigido um novo olhar e enfoque sobre a questão, por isso tornam-se cada vez mais necessárias iniciativas como a dessa exposição que possam reduzir os impactos das doenças”, afirma.
Problemas no coração ainda são a principal
causa de morte no Brasil, sendo que
maioria poderia ser tratada ou prevenida.
– José Antonio Visintin
Nesse sentido, Visintin faz questão de reforçar a responsabilidade que a USP tem, por ser pública, gratuita e apresentar toda a sua reconhecida excelência acadêmica, de dialogar bem com a sociedade sobre suas pesquisas e compartilhar seu conhecimento. “A Estação Ciência é a vitrine da USP, esse é o palco. Aqui a pessoa sabe que tem a sua disposição todo esse material. Às vezes vamos ao médico e não entendemos muita coisa que ele diz, mas aqui é diferente”. Além disso, ele acredita que a universidade deve ser um centro de preparação de políticas públicas para a saúde e a prevenção trabalhada na exposição pode gerar uma diminuição dos gastos públicos com o tratamento das doenças.
A exposição pode servir não só para a conscientização e formação do público, sobretudo das crianças, mas funciona também como porta de entrada para jovens escolherem suas futuras profissões e perceberem-se como agentes ativos na área da saúde. “As crianças vão pensar ‘mas quem cuida do nosso coração?’. São nossos futuros médicos, enfermeiros, nutricionistas”, comenta, esperançoso, Visintin.