Dia 26 de agosto, o Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP realizou o Workshop IFSC/Imprensa, reunindo profissionais da área de divulgação científica e pesquisadores do IFSC para debater assuntos relativos à divulgação da ciência e a aproximação da comunidade científica com a sociedade.
No encontro, estiveram presentes o diretor do IFSC, Tito José Bonagamba, que coordenou os trabalhos, Sérgio Muniz, professor do IFSC, Valter Líbero, diretor do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC), membros da Assessoria de Comunicação do IFSC e profissionais de divulgação científica, Alberto Passos, diretor-presidente do Instituto “Ciência Hoje” e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF, Antonio Carlos Quinto, da Agência USP de Notícias, Marcelo Knobel, do Laboratório de Jornalismo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Reinaldo José Lopes, da Folha de S. Paulo.
No início do mini-workshop, o professor Bonagamba falou sobre o IFSC e de sua preocupação com a divulgação científica, além de sua proposta em aprimorar os setores de comunicação das diversas unidades uspianas “Nossa interação com a comunidade acontece também por meio da assessoria de comunicação e das atividades científicas e culturais, pontuou.
Passos, por sua vez, falou sobre o Instituto Ciência Hoje (ICH), uma organização que há 33 anos se dedica à divulgação científica, principalmente através de publicações impressas e digitais. Entre elas, Passos destacou a Revista Ciência Hoje. Criada em 1982, tornou-se a mais antiga revista voltada à divulgação científica em circulação no Brasil. Comentou também sobre a Revista Ciência Hoje das Crianças, tendo sublinhado que é a única revista brasileira de divulgação científica voltada para o público infanto-juvenil.
Além de ter abordado as ações do ICH nas redes sociais e nas lojas online de aplicativos, ele destacou o Programa Ciência Hoje de Apoio à Educação (PCHAE), que já beneficiou cerca de 650 mil alunos e 14 mil professores. Criado em 2001, esta iniciativa tem o intuito de valorizar a educação científica e contribuir para melhorar os índices de desenvolvimento da educação em escolas públicas e brasileiras.
Posteriormente, o professor Líbero apresentou o CDCC que tem o objetivo de promover a extensão universitária, divulgando ciência e cultura. “O interessante do Centro, desde sua criação, é a forma como seus membros atuam. Fico preocupado como muitos fazem divulgação científica, porque é necessário divulgar a ciência para educar e não apenas para divertir as crianças“, criticou.
Já em sua intervenção, o professor Knobel apresentou o site do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, cujo objetivo é disseminar a cultura científica, estimulando a curiosidade e o pensamento crítico. O docente chamou a atenção para a pouca quantidade de livros sobre difusão científica que são escritos no Brasil, já que o número de publicação de obras com essa temática é alto em países como a Argentina. “Na Argentina, por exemplo, há livros de divulgação científica que são best-sellers“, afirmou Knobel, que também destacou o impacto da internet na difusão científica. Para ele, ferramentas como Youtube, Facebook, e até podcasts, ainda são pouco utilizadas. “Aproveitamos a internet muito mal. É preciso usufruir mais do Youtube, por exemplo. É algo bastante útil e interessante para disseminar a ciência. É necessário encontrar uma linguagem que atinja a população“. Na USP, por exemplo, existem diversas mídias, principalmente impressas, mas, para que uma comunicação tenha resultados produtivos, segundo Knobel, é necessário definir o papel de cada membro envolvido nesse processo de divulgação, de forma que seja possível integrar e estreitar esses meios de informação.
O jornalista Lopes discutiu a crise que existe atualmente no jornalismo, mais especificamente na área de jornalismo científico. Segundo ele, temas científicos têm perdido espaço na mídia e várias chefias têm a percepção de que a ciência é um tópico difícil e, por vezes, chato. Em contrapartida, salientou o notável apetite que o público tem por notícias voltadas à ciência. Lopes também falou que, para aqueles que acompanham o trabalho de divulgação científica à distância, existe, por exemplo, a sensação de que muitas vezes as iniciativas de divulgação dependem mais de critérios internos do que externos, dando a entender que há um foco burocrático, institucional, e não de divulgação propriamente dita. “Se a ideia é atingir um público nacional, minha sugestão é que os profissionais envolvidos na difusão científica não temam divulgar as pesquisas básicas e mesmo aquelas que não têm aplicabilidade prática“.
Em seguida, o jornalista Quinto abordou a atuação da Superintendência de Comunicação Social (SCS) da USP, mais especificamente dos trabalhos da Agência USP de Notícias, destacando o desafio dos repórteres em noticiar pesquisas referentes às várias áreas diariamente. Ressaltou também a forte cooperação entre a Agência USP e a Assessoria de Comunicação do IFSC, um trabalho que, segundo ele é impressionante em termos de colaboração e de integralidade, sendo um exemplo a ser seguido pela USP. “Estou na Universidade há vinte anos e várias tentativas de melhorias na comunicação já foram feitas. Em nosso caso, as redes sociais precisam ser mais exploradas. Pretendemos trabalhar neste sentido, porque a Agência sempre deve ser repensada“, comentou ele, acrescentando que este mini-workshop lhe rendeu uma boa dose de conhecimento e o ajudou a perceber algumas feridas que existem na comunicação da Universidade e que precisam ser cicatrizadas.
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