Paloma Rodrigues/ Agência USP de Notícias
Levantamento florístico da Represa de Guarapiranga, situada na região metropolitana de São Paulo, aponta riqueza de espécies surpreendente. A pesquisadora Maria Estefânia Rodrigues, do Instituto de Biociências (IB) da USP, fez análises mensais, durante um ano, em 20 bancos de macrófitas aquáticas distribuídos por todo o reservatório. O levantamento florístico consiste na coleta e identificação do maior número possível de plantas. “Foi uma surpresa o número total de 133 espécies e, principalmente, o número de espécies não daninhas”, diz Maria Estefânia.
O diferencial desse estudo está no número de coletas realizadas. Elas foram feitas mensalmente entre julho de 2008 e junho de 2009. O início das coletas foi feito junto à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a Sabesp. Depois disso, Maria Estefânia ganhou autorização para coletar dentro da represa. “Viajamos por todos os pontos da represa para identificar aqueles que eram representativos. Em geral, eram aqueles mais litorâneos, onde as prainhas se formam. Nesses pontos, a diversidade das plantas consegue se proliferar”, explica.
Com a pesquisa foi possível verificar que existem espécies restritas a determinadas áreas da represa, como no Parque Estadual da Guarapiranga, ponto que apresentou maior riqueza de espécies.
Maria Estefânia explica que conhecer a diversidade de espécies do local é de extrema importância, pois isso deixa clara a necessidade de preservação desse ecossistema.
A maioria dos trabalhos sobre macrófitas aquáticas caracteriza essas plantas como daninhas. Uma importante elucidação que pesquisa Levantamento florístico e distribuição de macrófitas aquáticas na Represa Guarapiranga, São Paulo, Brasil traz é a de que uma grande série de plantas lá presentes não se enquadram nesse perfil. “Foi uma surpresa encontrar essas espécies lá, pois não esperávamos que elas fossem se proliferar em uma área tão urbanizada”, diz.
A partir da década de 1980, diversos bairros começaram a se instalar no entorno da represa, como Interlagos e Riviera Paulista. Com eles, diversos loteamentos clandestinos também passaram a se agrupar próximos à Guarapiranga e levar poluição para as águas.
Catalogação
Maria Estefânia catalogou e listou todas as plantas aquáticas visualizadas na represa. Dentre elas estão espécies do gênero Hydrocotyle, Begonia e Cyperus. O banco de dados completo pode ser visualizado neste link. Lá também estão os registros das represas Billings e Paiva Castro. A plataforma também permite que dados sobre outras represas sejam armazenados lá, com informações sobre outros levantamentos de macrófitas.
A dissertação de mestrado foi defendida em 2011 e orientada pelo professor Vinicius Castro Souza. O projeto foi viável devido a colaboração e parceria do professor Marcelo Pompêo, do grupo de pesquisa do Laboratório de Limnologia, do Departamento de Ecologia do IB, da USP.
Mais informações: email te_biologia@yahoo.com.br