
Revista é iniciativa de alunos do Programa Educação Tutorial
Oferecer espaço para que alunos de graduação da área da Humanidades pudessem publicar seus trabalhos acadêmicos foi o objetivo que inspirou a criação da revista Humanidades em Diálogo. Não apenas voltada aos graduandos, ela é completamente organizada pelos alunos da graduação da USP.
Para os membros da comissão editorial da revista, é importante manter o diálogo entre seus organizadores e autores no mesmo nível: “eu não me sentiria capaz em avaliar um trabalho de um aluno da pós-graduação, por exemplo, e dizer: esse não está bom”, explica Larissa de Carvalho Nascimento, estudante de História na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e membro da comissão editorial da publicação, que conta com, no momento, mais 11 membros.
Os estudantes que atuam na organização da revista são integrantes do Programa Educação Tutorial (PET), uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC) junto às universidades de todo país.
De alunos para alunos

A publicação surgiu em 2007, a partir dos esforços dos cinco grupos PET da área da Humanidades da USP: Administração, Ciências Sociais, Direito, Filosofia e História. São os alunos desses grupos que compõem a comissão editoral da revista. A comissão é responsável pelo lançamento do edital que convoca os alunos a enviarem seus artigos a cada número da revista, pela pré- triagem dos artigos que são enviados, pela escolha do tema do dossiê e do entrevistado de cada número.
O PET é um programa rotativo, então cada comissão editorial também é e se organiza de uma forma diferente. A nossa comissão é bastante coletivizada. Todo o trabalho é feito de forma coletiva. Temos um responsável burocrático pela revista, o Vinícius Prado, mas na prática o trabalho é bem dividido”, diz Larissa. São também os membros da comissão que lidam com a verba liberada pela Pró-Reitoria de Graduação da USP e pelo MEC. Essa verba é utilizada na contratação de serviços de diagramação e impressão da revista.
A revista está dividida em quatro seções: apresentação, entrevista, dossiês, seção academia, crítica e arte. A cada volume, a comissão editorial elabora e lança um edital de publicação e os interessados enviam seus textos. A comissão faz uma pré-triagem, corrige erros de ortográficos e envia o artigo para um professor especialista no tema em que o artigo foi escrito. Esse artigo pode voltar com um parecer positivo; positivo com restrição – e aí ele retorna para que o autor reformule-o de acordo com as críticas do parecerista; ou negativo, quando ele não é publicado. “Nós trabalhamos com sistema de blind review, ou seja, os autores não sabem quem vai ser o parecerista que vai avaliar os artigos deles e nem os professores sabem quem eles estão avaliando”, explica Camilla Pinetti, aluna da Faculdade de Direito (FD) da USP e membro da comissão editorial da revista.
A revista publica textos de diversos assuntos que sejam de grande interesse para a área de Humanidades: a religião na História, participação política, Karl Marx, Voltaire, Nietzsche e Freud, entre muitos outros. Para Larissa, o diferencial da revista é que ela é um espaço de publicação para os discentes, o que é pouco comum, já que a maioria das revistas acadêmicas são voltadas para pesquisadores com uma carreira já consolidada. “É um espaço para os alunos publicarem os trabalhos que eles tenham gostado de fazer, que foram fruto de inspiração das férias”, pondera. Além dos artigos teóricos, Humanidades em Diálogo publica críticas, resenhas de livros ou filmes, poemas e contos.
Programa Educação Tutorial

O PET foi oficialmente instituído em 2005 pela Lei 11.180. Ele busca propiciar aos alunos integrantes realização de atividades extracurriculares, que complementem sua formação acadêmica. Burocraticamente, ele é tratado como iniciação científica, mas sua intenção é não ser um projeto apenas de pesquisa acadêmica. O programa procura integrar os pilares da extensão, do ensino e da pesquisa. “Nos encontros, sempre acontecem debates sobre o que já estamos desenvolvendo e como fazer ainda mais projetos que envolvam a extensão”, conta Larissa.
Outros exemplos de atividades que os grupos PET das unidades USP desenvolvem sã oo Pet Enfoque, que promove debate de temas não discutidos no curso de graduação de Administração da FEA; Empreendedorismo & Sustentabilidade, uma mesa redonda que dá destaque ao assunto na FEA; e o Café Filosófico em Perus, que leva palestras abertas à comunidade de Perus aos sábados.
Mesmo unidos sob os mesmo pilares, cada grupo tem autonomia para gerir seus projetos. “O PET História e o PET Filosofia,por exemplo, apesar de bastante próximos, têm modos de atuação bastante diferentes. Existem as atividades compartilhadas, como o caso do Café Filosófico em Perus, mas cada um é bastante independente do outro”, esclarece Larissa.