FMRP e FMUSP integram pesquisa mundial sobre esquizofrenia

No Brasil, estudo acontece na região de Ribeirão Preto para avaliar causas sociais e biológicas da doença.

Rosemeire Soares Talamone e Patrícia Cainelli / Serviço de Comunicação Social da Coordenadoria do Campus de Ribeirão Preto e Assessoria de Imprensa do Hospital das Clínicas da FMRP

Um consórcio de pesquisadores brasileiros e europeus vai estudar, de forma ampla e integrada, as causas sociais e biológicas da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos (EOP). No Brasil, o estudo será realizado em Ribeirão Preto e região, com a coordenação dos professores Paulo Rossi Menezes, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e Cristina Marta Del-Bem, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.  O estudo está sendo realizado, simultaneamente, no Reino Unido, Holanda, França, Espanha, Turquia, Alemanha, Áustria, Bélgica, Irlanda, Itália, Suíça, China/Hong Kong e Austrália, por intermédio de centros integrantes do European Network of National Schizopçhrenia Networks Studiyng Gene-Environment Interactions (EU-GEI).

A proposta, segundo os pesquisadores, é estimar a incidência de esquizofrenia e outros transtornos psicóticos na região de Ribeirão Preto e investigar possíveis relações de fatores sociais e biológicos na ocorrência destes transtornos mentais. O projeto conta com a participação dos professores Paulo Louzada-Junior, Antonio Carlos dos Santos, Maristela Schaulfelberger Spanghero, Jair Lício Ferreira Santos, da FMRP, e Geraldo Busatto da FMUSP. O projeto é gerenciado pela psicóloga Silvia Tenan, doutora em Saúde Mental pela FMRP.

Serão avaliados possíveis fatores relacionados com a incidência de EOP, como a urbanicidade e migração interna; fatores relacionados à história de vida do indivíduo, fatores familiares e de área geográfica; alterações anatômicas cerebrais, genéticas e imunológicas. Portadores de  EOP serão comparados com controles saudáveis e população em risco de EOP (irmãos de pacientes).

Contribuição

Segundo a professora Cristina, “a inclusão do Brasil neste consórcio é muito oportuna, pois permitirá realizar estudo epidemiológico metodologicamente, o que trará contribuições empíricas que se somarão às poucas evidências produzidas no Brasil e em países de renda média e baixa”. O professor Menezes avalia que “dados sobre a incidência e evolução de EOP ainda são escassos, especialmente nos países em desenvolvimento, onde vive a maioria das pessoas que sofrem desses transtornos”.

Segundo os coordenadores, a escolha da cidade de Ribeirão Preto se deve a possibilidade de acesso a uma rede organizada de serviços de saúde mental, além de possuir características demográficas específicas, como variação de densidade demográfica entre municípios componentes da região e processos migratórios internos.

“Esses fatores possibilitarão testar algumas hipóteses já identificadas em estudos europeus, como fatores de risco para o desenvolvimento de EOP, e também permitirão compreender os fatores e mecanismos determinantes de grande variação de incidência de EOP entre populações”, aponta Cristina.

Os pesquisadores estimam uma amostra de 300 casos incidentes, 150 irmãos e 300 controles. “Estas estimativas, de cerca de 16 a 18 casos previstos por 100 mil pessoas em risco por ano, são baseadas em taxas anteriormente relatadas no Brasil”, aponta a professora da FMRP. Os resultados  podem levar ao desenvolvimento de ações e políticas de prevenção efetivas, para a melhoria da vida daqueles que estão direta ou indiretamente afetados por esses transtornos, por meio de ações terapêuticas mais eficientes.

Mais informações: (16) 3602-2843, site www.eu-gei.eu 

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