A capacidade de caminhada em pacientes com doença arterial periférica tem uma relação inversa com a pressão arterial ambulatorial: aqueles que caminharam mais durante uma avaliação realizada na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP apresentaram melhor resposta da pressão arterial ao longo de um período de 24 horas. Os dados são de um estudo realizado pelo educador físico Aluísio de Andrade Lima.
A pesquisa foi realizada com um grupo de 73 pacientes, de ambos os sexos, com doença arterial periférica e idade média de cerca de 63 anos. Os participantes foram recrutados na Divisão Vascular do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
No Laboratório de Hemodinâmica da Atividade Motora da EEFE, os 73 pacientes responderam a um questionário que avaliou o risco cardiovascular e confirmaram o diagnóstico da doença arterial periférica. Depois, os participantes passaram por uma avaliação física onde caminharam em uma esteira até o máximo que conseguiram. “Assim, nós avaliamos a distância total que os participantes percorriam durante o teste na esteira”, explica o pesquisador.
Posteriormente, esses pacientes colocaram o Monitor Ambulatorial de Pressão Arterial (MAPA), um aparelho que fica preso ao corpo durante 24 horas e que mensura e registra a pressão arterial da pessoa em vários momentos do dia. “Nós reunimos esses dois dados analisamos e fizemos uma correlação entre eles. Foi quando constatamos que os pacientes que haviam caminhado mais no teste da esteira apresentaram uma menor pressão arterial ao longo do dia”, conta Lima.
Prêmio
O trabalho, intitulado Relação entre a capacidade de caminhada e a pressão arterial ambulatorial em pacientes com claudicação intermitente, realizado em parceria com o grupo dos professores Raphael Mendes Ritti-Dias e Gabriel Grizzo Cucato do Hospital Israelita Albert Einstein, ganhou o segundo lugar no Prêmio Melhor Pesquisa Aplicada no 16º Simpósio de Educação Física e Esporte, evento-satélite do 36º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, um dos mais importantes da área e que aconteceu nos dias 4, 5 e 6 de junho. Este trabalho é um desdobramento da pesquisa de doutorado que Lima realiza atualmente e contou com a orientação da professora Cláudia Lúcia de Moraes Forjaz, da EEFE.
Segundo o pesquisador, em pessoas que têm entupimento arterial, existe uma alta taxa de mortalidade cardiovascular. Isso pode ser explicado, pelo menos em parte, pelo aumento da pressão arterial à qual esses pacientes estão submetidos ao longo do dia e, de fato, a maioria deles é hipertensa. Os resultados desse estudo sugerem que ações que aumentem a capacidade de caminhada desses pacientes podem reduzir a pressão arterial ao longo do dia, melhorando o prognóstico cardiovascular dessas pessoas.
“Entre essas ações, o exercício físico tem sido a mais recomendada. Comprovando essa afirmação, alguns estudos do grupo dos professores Ritti-Dias, Cucato e da professora Forjaz têm mostrado que tanto o exercício de musculação quanto o exercício de caminhada melhoram os indicadores da capacidade de caminhada nessas pessoas. Entretanto, quanto à questão de se um programa específico de treinamento com essas modalidades de exercício influencia diretamente na melhora da pressão arterial ao longo do dia, ainda não há uma resposta conclusiva, exigindo assim maiores estudos”, diz.
Paula Bassi / Seção de Relações Institucionais e Comunicação da EEFE