Do Jornal da USP
O Workshop Comunicação e Pesquisa, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) da USP em parceria com a Superintendência de Comunicação Social (SCS), reuniu no dia 29 de abril, no auditório da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, cientistas e jornalistas interessados em discutir a divulgação científica nas unidades de ensino e pesquisa da Universidade.
O vice-reitor da USP, Vahan Agopyan, o assessor da Pró-Reitoria de Pesquisa, Hamilton Varela, e o superintendente de Comunicação Social da USP, Marcello Rollemberg, abordaram em suas falas iniciais o tema “Mídias USP: promovendo o diálogo entre a ciência e a sociedade”, em que discorreram sobre a importância de dar visibilidade à produção científica da Universidade. A Superintendência de Comunicação Social (SCS), um dos órgãos centrais da USP, coordena as diversas mídias da instituição – internet, rádio, TV, revistas e jornal – voltadas a divulgar ao público externo e interno a vida acadêmica e o trabalho de sua comunidade científica. Os veículos de divulgação da SCS são o USP Online – responsável pelo Portal da USP –, a Agência USP de Notícias, a TV USP, a Rádio USP, a revista eletrônica Espaço Aberto, Revista USP e o Jornal da USP.
Alguns dos mais conhecidos profissionais do jornalismo científico participaram do debate “Experiências em divulgação científica”. Estavam presentes Mônica Teixeira, diretora e apresentadora da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) e responsável pela implantação do programa de divulgação científica da USP, Fabrício Marques, editor executivo da revista Pesquisa Fapesp, e Marcelo Leite, repórter especial do jornal Folha de S. Paulo. O mediador da mesa foi o jornalista Roberto Castro, chefe da Divisão de Mídias Impressas da SCS.
.
Mônica reiterou o papel da pesquisa científica para a sociedade. “A USP é um mundo e produz muita coisa interessante e relevante. Precisamos ter em mente que, ao divulgar esse trabalho, as estrelas têm que ser os docentes e o que os docentes sabem.” Para exemplificar sua abordagem, Mônica mostrou algumas pesquisas produzidas por cientistas da USP, recuperadas de uma busca que fez na página da Biblioteca Virtual, do site da Fapesp.
O público jovem merece atenção especial, disse Mônica. “Uma tarefa da divulgação cientifica deve ser aumentar o entendimento de quem vai entrar na USP a respeito do que é a USP. Esse público, que é do ensino médio, precisa não só saber mais sobre a universidade, mas também ver a USP de uma forma desmistificada. Precisamos fazer a USP chegar mais perto desse público, porque acredito que muita gente capaz sequer tenta fazer o vestibular para entrar na USP”, disse.
A jornalista atuará em um núcleo de comunicação para implementar o Programa de Educação e Divulgação Científica da USP. “Vamos alinhar ideias, articular o que já existe e produzir coisas novas, principalmente a partir dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids). Vamos reunir essas informações num certo lugar na internet”, disse.
Os Cepids foram pensados para fomentar a pesquisa em áreas estratégicas do conhecimento. Funcionam com financiamentos da Fapesp e das instituições que sediam esses centros. A USP coordena 11 dos 17 Cepids criados no Estado de São Paulo.
O editor executivo da revista Pesquisa Fapesp, Fabrício Marques, expôs a linha editorial do veículo, o processo de produção de sua equipe e alguns critérios para a escolha de pautas. “Claro que o fato de o projeto ser financiado pela Fapesp é um dos critérios para definir matérias. Mas também nos valemos de informações como, por exemplo, se o trabalho já foi veiculado em alguma publicação científica. O próprio relacionamento com os pesquisadores, o feedback que temos deles, também pode ser fonte de pautas”, disse o editor.
A relação da revista com os pesquisadores é “muito próxima”, segundo o editor. “Eles gostam muito da revista, confiam no nosso trabalho e isso facilita muito. Não que isso torne o trabalho menos complexo. Ao contrário, porque temos que transformar uma informação cifrada, bastante difícil para o público leigo, em algo minimamente inteligível. E a gente se esforça muito para isso”, disse.
Mesmo com a credibilidade construída ao longo de sua história, a revista também enfrenta dificuldades na edição. “A matéria passa pela revisão do especialista antes de ser publicada e isso ajuda bastante porque evita erros. Mas algumas vezes não é possível aprovar algumas linguagens muito específicas ou terminologias que o pesquisador insiste em usar”, disse Marques.
Exemplos de sucesso
O professor Marcelo Zuffo, do Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas da Escola Politécnica (Poli) da USP, além do professor Ernane Xavier da Costa, do Laboratório de Física Aplicada e Computacional (Lafac) da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, e a professora Maria Luiza Tucci Carneiro, do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, mostraram de que forma as matérias publicadas na Agência USP de Notícias foram fundamentais para que seus trabalhos chegassem ao grande público. Não só isso. Mostraram de que forma a divulgação trouxe retornos que permitiram novos encaminhamentos para suas pesquisas.
Os cientistas finalizaram o workshop discutindo a “Dinâmica entre Pesquisadores e Jornalistas das Mídias USP”, tema da mesa coordenada pelo jornalista Antônio Carlos Quinto, editor da Agência USP de Notícias. “Nesses 20 anos de história, o relacionamento da Agência USP de Notícias foi construído de forma muito positiva. Trabalhamos de maneira parecida à da revista Pesquisa Fapesp, pois, antes de ser veiculada, a matéria é verificada pelo próprio pesquisador. E reforço que a estrela desse trabalho é mesmo o pesquisador. Ele dedica anos de estudo a um tema e não é um jornalista que vai deturpar um trabalho desse”, disse Quinto.
“Quando o Quinto me liga perguntando se tem alguma novidade, tenho pensado muito bem antes de responder que sim. Porque a repercussão da divulgação científica às vezes é tão grande que é preciso pensar bem antes de querer esse tipo de exposição. É preciso coragem”, disse o professor Zufo, que mostrou pesquisas de seu grupo que, divulgadas primeiro pela Agência USP de Notícias, ganharam repercussão nacional e internacional.
A plateia, que participou com perguntas, críticas e elogios, serviu de contraponto aos debates. Grande parte dos pesquisadores apresentou dúvidas sobre como conseguir divulgação de seu trabalho. “Pega o resumo, ou o texto de sua tese ou dissertação, relatórios, fotos, o que você tiver e envia para o Quinto [chefe da Agência USP de Notícias]. Ele saberá tratar essa informação e, pela minha experiência altamente positiva, posso dizer que tratará de forma muito responsável”, ensinou o professor Zufo.
Na edição que circulará a partir do dia 11 de maio, o Jornal da USP trará reportagem completa sobre o Workshop Comunicação e Pesquisa