Prevenção
A Guarda Universitária atua prioritariamente em prevenção e é responsável, no caso do campus Butantã, entre outras atribuições, por controlar o trânsito e o fluxo de esportistas (ciclistas, corredores etc.), recolher achados e perdidos, animais abandonados e auxiliar o acesso das pessoas a eventos culturais, esportivos ou de outra natureza. Alguns desses eventos são anunciados à Guarda com pouca antecedência, dificultando a execução das tarefas.
Para a professora, a Guarda Universitária ficou muito associada à repressão, embora praticamente não se ocupe dela. “Mesmo aqueles que falam a favor da Polícia Militar fora do campus, se pensarem bem, no fundo concordariam que o ideal de fato é que a Guarda Universitária tenha um número de profissionais suficiente e devidamente capacitados para ser o corpo que está aqui permanentemente tomando conta do campus, num papel muito mais preventivo”, define. “É claro que em algum momento a prevenção falha, e então o suporte da PM é fundamental, porque é ela que tem condições de analisar o local em que ocorre um crime, trazer a Polícia Científica, fazer a coleta de provas e evetualmente proceder a uma perseguição. Isso não compete à nossa Guarda, que é civil e desarmada.”
No último dia 14, foi registrada uma ação do tipo. A Guarda divulgou imagens obtidas por câmeras de algumas unidades nas quais apareciam três suspeitos de praticar furtos. Eles foram identificados por funcionários da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), que acionaram a Guarda. Os agentes apreenderam os suspeitos e chamaram a PM, que encaminhou o trio para o 93º Distrito Policial.
Segundo a superintendente, foi firmado um novo tempo de parcerias entre a USP e a PM, mediadas pela Guarda Universitária, após visita que fez, ao lado do reitor Marco Antonio Zago, ao comandante geral da PM em maio. “O pior do convênio foi o que acabou sendo implementado e não mais está em vigor: a repressão baseada em blitze indevidas. Eu mesma, num dia de 2012, me atrasei para dar aula porque fui parada numa blitz”, relata.
Parcerias
Atualmente, há uma base comunitária móvel da PM que permanece em algum ponto do campus durante o dia, além de duas motos que fazem rondas. Mas esses policiais estão à disposição de seu batalhão e podem sair do campus se acionados para outras ocorrências. A USP está na área de responsabilidade do 16º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, que engloba bairros como Jaguaré, Morumbi, Paraisópolis, Rio Pequeno e Campo Limpo. Para o batalhão, a USP é uma das áreas menos problemáticas sob seu encargo, pois em outras regiões ocorrem com muito mais frequência crimes mais violentos, como homicídios.
“Precisamos de parceria no que a polícia pode nos ajudar e vice-versa”, defende Ana Lúcia Schritzmeyer. Entre os alvos estão a formação e a capacitação: tanto a Universidade pode dar cursos aos policiais como a PM pode, por exemplo, formar brigadas de incêndio por meio do Corpo de Bombeiros. Outro foco é melhorar a comunicação das ocorrências. Muitas vezes as pessoas registram nas delegacias do entorno casos acontecidos no campus, e a Guarda não fica sabendo. Da mesma forma, algumas ocorrências são comunicadas apenas à Guarda e não são registradas nas delegacias.
“Essa troca de informações é fundamental. São parcerias relacionadas a uma cidadania melhor, e nada têm a ver com repressão e com o medo que principalmente os estudantes têm de que sua liberdade seja cerceada”, afirma a superintendente. O grande convênio que existe são as leis que explicitam o que compete às polícias, defende. “Como a USP tem grande visibilidade na mídia, a polícia aqui costuma agir exemplarmente. Meu desejo é que fosse assim em todo lugar, como nas periferias onde ninguém vai filmar nada.”