O Serviço Social do Hospital Universitário (HU) da USP nasceu junto com a criação deste, há 30 anos. Com ações investigativas, interventivas e atividades baseadas no acolhimento e humanização do atendimento ao paciente, o serviço é referência na área no país.
“Há muita confusão. Algumas pessoas vêm aqui procurando a assistência social, mas o que somos é o serviço social dentro de uma instituição de saúde”, define Thaís Peinado Berberian, assistente social do hospital.
Para evitar equívocos, ela afirma que é preciso entender como funciona a seguridade social, conjunto de ações destinadas a assegurar alguns direitos dos cidadãos. Ela é baseada em um tripé: previdência, assistência e saúde pública. A primeira é um seguro que garante a renda do contribuinte e de sua família mediante contribuição mensal, em casos de doença, acidente, gravidez, prisão, morte e velhice. A segunda se trata de uma política pública não contributiva, enquanto a última garante o acesso a serviços básicos de saúde.
O serviço social, como profissão de curso superior, pode estar instalado nas três áreas desse tripé. Portanto, os profissionais da área podem trabalhar tanto em instituições de saúde como na previdência e em serviços assistenciais.
Trabalho no HU
As atividades realizadas pelo serviço social do HU se traduzem no acolhimento aos pacientes, familiares ou colaterais nas circunstâncias de urgência e emergência, atendimento ambulatorial, internação, alta e atendimento domiciliar.
Segundo a assistente social Heloisa Pereira Cassiano, o paciente entra no hospital em busca de atendimento médico, que em seguida é acompanhado da ação dos profissionais do serviço social. “Junto com os problemas de saúde vêm os problemas sociais, familiares e de relacionamento, que muitas vezes interferem no estado de saúde do paciente”, afirma.
Na área de assistência, as principais demandas pelo serviço da equipe são os conflitos familiares, pacientes desacompanhados, vítimas de acidentes, dependência química, planejamento familiar, direitos sociais, transferência de pacientes, exames e medicação de alta complexidade, agilização do leito hospitalar, mobilização de recursos para materiais e equipamentos de suporte ao tratamento, documentação e endereçamento para a rede de saúde, entre outros.
O serviço funciona 24 horas por dia e também oferece aulas aos estagiários de diversas áreas, participa do Grupo de Trabalho Pró-Criação da Faculdade de Serviço Social na USP, ministra palestras em eventos do HU e realiza pesquisas.
A rede
Por se tratar de um hospital pronto-socorro, nem sempre o HU consegue acompanhar o paciente após sua passagem pelo hospital. Aqui também entra em ação o serviço social: seu papel é acionar a “rede” – equipamentos que compõem o território do butantã em todas as esferas (saúde, educação, assistência e jurídico).
“Entendemos que, uma vez identificada uma situação, não podemos nos omitir perante ela. Se a gente percebe que internamente não daremos conta, temos que encaminhar para a rede”, afirma a assistente Thais.
Na área da saúde, somente no Butantã são 17 Unidades Básicas de Saúde (UBS), cinco Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) e dois pronto-socorros, além de um Serviço de Atendimento Especializado, um Centro de Atenção Psicossocial, um Ambulatório de Especialidades e um Hospital e Maternidade.
Congresso Nacional
Para discutir as questões relacionadas ao serviço social na área da saúde, a três universidades paulistas – Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a USP – realizarão, de 11 a 13 de abril, a sexta edição do Congresso Nacional de Serviço Social em Saúde (Conasss) e a décima primeira edição do Simpósio de Serviço Social em Saúde (Simpsss), em São José dos Campos, São Paulo.
“O nosso objetivo maior é discutir questões éticas e relacionadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). Este ano estamos trazendo para o congresso duas vertentes, assistência social e saúde, uma parceria fundamental em nossas ações”, aponta Maria Bernadete Tanganelli Piotto, diretora técnica do serviço social do HU e vice-presidente do congresso.
Segundo ela, a última edição contou com a participação de mais de 700 assistentes sociais da área da saúde do Brasil inteiro, o que demonstra a abrangência nacional do evento e a oportunidade criada para os demais estados brasileiros de apresentarem suas experiências profissionais.
O evento acontece a cada dois anos em uma forma de rodízio, cada ano organizado por uma das universidades participantes. As inscrições antecipadas já estão encerradas, mas ainda podem ser feitas no local do evento. Para mais informações sobre a programação, os valores e as inscrições, acesse o site www.conasss.com.br.