Abordando as atualidades e as perspectivas da área de manufatura aditiva, o tema “Impressão3D: A próxima revolução industrial” foi debatido em um ciclo de palestras durante a programação da 12ª Semana de Engenharia de Produção (SemEP), ocorrida entre os dias 24 e 29 de agosto e organizada por alunos de graduação dos departamentos de engenharia de produção da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Iniciando as apresentações, o doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da EESC, Alex Bottene, apresentou os aprendizados obtidos com a montagem de sua primeira impressora 3D através do conceito ‘open source’ e os estudos com um grupo de pesquisa formado por professores e estudantes de pós-graduação e de graduação.
Atualmente Bottene está vinculado a linhas de pesquisas do Laboratório de Processo Avançados e Sustentabilidade (LAPRAS) e do Grupo de Engenharia Integrada e Engenharia de Integração (GEI2) do Núcleo de Manufatura Avançada (NUMA), a partir das quais estuda a diferença de projetos de fabricação em manufaturas de usinagem e aditiva e a técnica de manufatura híbrida, cuja pesquisa inclui também o desenvolvimento de um equipamento em parceria com uma empresa nacional.
Para o pesquisador, uma revolução industrial por intermédio da manufatura aditiva aconteceria de várias formas. Primeiramente os equipamentos e espaços de fabricação seriam reduzidos, pois não haveria necessidade de grande armazenamento de materiais e de máquinas robustas para suportar grandes vibrações. “Na manufatura aditiva as máquinas são menores e portáteis, se as compararmos às de remoção, que exigem mais espaço por causa do esforço e do impacto ao escavar a matéria prima”, explicou.
A questão ambiental também seria beneficiada, já que a indústria de usinagem descarta muito material e que pouco pode ser reaproveitado; já na manufatura aditiva o material é 100% aproveitável, pois só se utiliza a quantidade necessária para a peça a ser produzida e, se houver sobra, o material pode ser reutilizado em uma próxima impressão. “Desta forma podemos acreditar que as indústrias de manufatura serão mais limpas, menores e menos agressivas ao ser humano”, comentou Bottene.
Outro aspecto interessante dessa revolução seria a possibilidade de ter em casa um processo de fabricação similar ao industrial, por meio de uma impressora 3D doméstica, sem que houvesse diferença no produto final. “Isso dará a capacidade de qualquer pessoa criar o seu próprio produto, causando uma mudança no ciclo das cadeias produtivas responsáveis por encarecer o produto final”, afirmou. Diante dessa tendência, o pesquisador citou casos atuais como, por exemplo, os modelos prontos de impressão em formatos 3D disponíveis na internet para reposição de peças e acessórios.
Seguindo o raciocínio, a revolução industrial em manufatura aditiva traria também a popularização das máquinas, que ficariam mais acessíveis. “O custo dos equipamentos tende a baratear, como vem acontecendo desde que as patentes foram vencidas, e se criaram as comunidades ‘open source’”, salientou Bottene.
Também foram convidados para exporem suas experiências e projetos o doutorando do Laboratório de Aprendizado de Robôs (LAR) do Instituto de Ciências de Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, Eduardo Fracarolli, que utiliza impressão tridimensional na construção de robôs, drones e outras impressoras, e o membro do Núcleo de Estudos de Habitares Interativos (Nomads.USP) do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP, Anibal Junior, apresentando o uso da fabricação digital na arquitetura.
O pesquisador premiado com uma menção honrosa no 28º Prêmio de Design do Museu da Casa Brasileira, Lucas Corato, compartilhou com o público sua experiência na criação de protótipos apresentando como o projeto “Brise portátil para apartamentos”. Também esteve presente professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSCar, Rafael Aroca, que mostrou a proposta do uso de impressoras 3D e Arduino no desenvolvimento de projetos em duas disciplinas. Ao final das apresentações, o público pôde ver de perto, dentro do Espaço Primavera da EESC, seis diferentes impressoras 3D expostas e em funcionamento.
Sobre a Semana
Para compor a mesa, a abertura do evento contou com a presença do diretor da EESC, Paulo Sergio Varoto, do professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola, Daniel Capaldo Amaral – representando o chefe do departamento, Luiz Cesar Ribeiro Carpinetti –, do professor e coordenador do curso de Engenharia de Produção da UFSCar, Roberto Antônio Martins, e também do professor e coordenador do grupo SemEP da UFSCar, Daniel Braatz Antunes de Almeida Moura.
A SemEP ainda contou com muitas outras atividades, como as palestras “Estratégia de Operação Logística – Cases Aplicados e Liderança e ética Profissional: um desafio atual nas organizações”, além dos workshops “Logística Reversa – Cadeia de Suprimentos Sutentável”, “Maketing de Seviços”, “Cracking the Case”, e os minicursos “Liderança e Gerenciamento”, “Simulação em AnyLogic” e “Lean SixSigma”. Também foi abordada a interatividade de jogos como o “Choice Game – Empreendedorismo Social” e o “The Fresh Connection”, assim como visitas técnicas às empresas Electrolux, Volvo, Faber Castell e TAM.
Keite Marques / Assessoria de Comunicação da EESC