Um trabalho desenvolvido no Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica (Poli) da USP utiliza baterias automotivas usadas para armazenar energia gerada por placas fotovoltaicas (que captam a luz solar para produzirem eletricidade). Segundo o autor da dissertação de mestrado, André Baldim, é possível aumentar a vida útil de uma bateria em até quatro anos utilizando-a para armazenar energia.
A pesquisa foi orientada pelo professor Roberto Koji Onmori. “Quando elas não servem mais para a função para a qual foram criadas, podem ser usadas em aplicações cuja demanda de energia é menor”, diz Baldim. “Em resumo: a bateria usada num carro pode não servir mais para dar a partida nele, por exemplo, mas armazenando energia eu consigo estender sua vida útil em dois anos, mais ou menos, antes de enviá-la para a reciclagem”.
Segundo o pesquisador, a extensão da vida útil da bateria depende muito do uso que ela teve antes. “Se é uma bateria que estava em um carro ou caminhão, sujeita a temperaturas altas, a uso contínuo e intensivo, ela ainda serve para armazenar energia, mas não vai durar muito mais do que dois anos”, explica. “Agora, se estivermos falando de uma bateria de no break, que foi utilizada o tempo todo em ambiente com temperatura e umidade controladas e não sofreu os mesmos desgastes, podemos ganhar até quatro anos de vida a mais”.
Armazenamento de energia
O sistema que Baldim criou e vem testando na Ilha dos Arvoredos, na Baixada Santista, usa quatro baterias de caminhão com tensão de operação de cerca de 12 volts. Elas armazenam a energia gerada por três placas fotovoltaicas que, em condições perfeitas, garantem 390 Watts de energia, o suficiente para manter uma geladeira de 330 litros em funcionamento na ilha. As baterias garantem autonomia de três dias.
“O próximo passo é agregar ao sistema a energia eólica gerada por cataventos, e a energia gerada a partir das ondas do mar”, acrescenta o pesquisador. “A ilha dispõe de dois experimentos que originam energia a partir do vento e da água”.
Segundo ele, o objetivo é tornar a ilha 100% independente de energia vinda do continente, gerada por meio da queima de combustíveis fósseis. Atualmente, o fornecimento de eletricidade na ilha é feito por um grupo moto gerador movido a óleo diesel.
A Ilha dos Arvoredos é um rochedo localizado a 1,6 quilômetros (km) da Praia de Pernambuco, em Guarujá (Baixada Santista). Na década de 1960, o engenheiro Fernando Eduardo Lee criou na ilha um grande laboratório para pesquisas na área de tecnologia de energias alternativas. Segundo o site da Fundação Fernando Lee, entidade que administra o local em parceria com a Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), são realizadas na ilha pesquisas científicas de energia solar e eólica, oceanográficas, de biologia marinha, ecologia e outros estudos científicos e tecnológicos.
Da Assessoria de Comunicação da Poli
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