Com supercomputador, IAG inaugura Laboratório de Astroinformática

Com apoio da Fapesp, IAG adquire supercomputador destinado a pesquisas astronômicas.

Bruna Pellegrini, especial para o USP Online

Vinte trilhões de cálculos por segundo. Pode parecer um número de ficção científica, mas essa é a velocidade em que trabalha o novo companheiro dos pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da
USP.

Trata-se do supercomputador ICE (na verdade um cluster, ou seja, um aglomerado de computadores), adquirido no fim do ano passado, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Nos últimos meses, o cluster foi integrado a outros dois equipamentos destinados exclusivamente a pesquisas astronômicas. Juntos, formaram o Laboratório de Astroinformática – um projeto coordenado pelo professor Alex Carciofi, em parceria com a professora Elisabete Dal Pino, ambos do Departamento de Astronomia do IAG.

Com 2.304 processadores, a supermáquina é uma das mais rápidas do mundo e deverá proporcionar mais agilidade às atividades de 150 professores e pesquisadores da USP e do Núcleo de Astrofísica Teórica da Universidade Cruzeiro do Sul, entidade parceira. “Foi um projeto orquestrado por dezenas de mãos. E a ideia do professor Carciofi, de arregimentar o Departamento de Astronomia do IAG e Núcleo de Astrofísica teórica da Unicsul, deu muito certo”, comemora Dal Pino.

Logo que ingressou como docente no IAG, Carciofi inscreveu seu projeto de aquisição do cluster em um edital para equipamento multiusuário da Fapesp. “Eu vi nisso uma oportunidade de unirmos todo o departamento em torno de um projeto, já que muitos grupos de pesquisa daqui precisam desse tipo de equipamento”, lembra Carciofi.

O professor José Arana Varela, diretor presidente da Fapesp, elogiou a iniciativa do grupo. “Há uma grande dificuldade no Brasil de se adquirir equipamentos de grande porte para pesquisa. Nesse sentido, uma das funções da Fapesp é prover infraestrutura de pesquisa, a fim de que haja suporte acadêmico para a Universidade e, consequentemente, para a sociedade. E é isso que vemos nesse trabalho do IAG”, diz.

Adaptação

Todo o equipamento vale mais de um milhão de dólares e a escolha do melhor fornecedor para a compra foi resolvida por um processo de concorrência aberta, entre cinco empresas. “Escolhemos a empresa por três critérios: desempenho teórico em Tflops* do cluster, memória por núcleo de processamento e velocidade de interconexão. Com as empresas competindo para fecharem o negócio conosco, o resultado é que partimos de uma proposta inicial de 6 TFlopf e chegamos a uma proposta final de quase 20 Tflops: um uso bastante eficiente do dinheiro público”, anima-se Carciofi.

Com a configuração duas vezes melhor do que a inicialmente prevista, foi necessário fazer uma ampla adaptação da  infraestrutura, o que demandou mais dinheiro. Entrou em cena a Coordenadoria de Tecnologia da Informação (CTI) da USP, que dotou o projeto com 230 mil reais para a instalação das máquinas. “O conjunto dos supercomputadores pesa cinco toneladas e uma das adaptações foi para reforçar a laje da sala que abriga hoje o laboratório”, exemplifica Carciofi.

Empolgado com o projeto, o coordenador do CTI, Gil da Costa Marques, parabenizou os pesquisadores envolvidos. “Esse é um movimento muito positivo para Universidade, no sentido de provê-la de infraestruturas de tecnologia da informação
cada vez mais acessíveis a todos os pesquisadores”.

O professor Tércio Ambrizzi, diretor do IAG, também teve papel importante na conclusão do projeto e avalia a grandeza da nova conquista.“Não estamos simplesmente comemorando a compra de um novo cluster. Estamos  celebrando um projeto de pesquisa de ponta, que coloca mais uma vez a nossa instituição e a USP na vertente do estado da arte da ciência, inclusive internacionalmente”, diz.

O primeiro teste de cálculo feito com o equipamento já demonstrou o potencial de ganho dos pesquisadores com o Laboratório. Como conta Carciofi,

“com o cluster antigo, o teste levava uma hora e meia. Para se ter uma ideia do que temos hoje em mãos, utilizando-se apenas da metade da capacidade do ICE, o cluster novo, o teste levou um minuto e 57 segundos!”

*TeraFLOP ou TFlop : em informática, trata-se de uma unidade em trilhões para medir a velocidade de um sistema de computador em um segundo, ou seja, quantos trilhões de operações podem ser feitos em um segundo por determinado equipamento computacional.

Mais informações: (11) 3091-4762 

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