Na Universidade desde 1988, Izabel Cristina Amaral Pereira, diretora administrativa financeira da Superintendência de Espaço Físico (SEF) da USP, se destacou pelos lugares por onde passou pelo engajamento em trabalhos sociais. Formada em administração, mas com jeito de assistente social, Izabel fez de suas experiências profissionais a composição de um pedacinho de sua história.
No Hospital Universitário (HU) da USP, por exemplo, a sua porta de entrada na Universidade, conviveu de perto com a dualidade da vida e da morte, ora representada pelo nascimento de uma criança na maternidade do hospital, ora pela vida que se esvaía dos pacientes terminais. Dos anos que passou no HU, viu fortalecer em si uma melhor compreensão da finitude da vida e a certeza de que, além de trabalhar na Universidade, seria preciso fazer algo mais para quem estivesse em seu entorno. Com essa filosofia pessoal, Izabel foi construindo sua carreira, conciliando a vida profissional com iniciativas ligadas a questões sociais.
Já na Escola de Aplicação, da Faculdade de Educação (FE) da USP, onde ficou por quatro anos, batalhou para que fosse aprovada verba anual permanente para atendimento aos alunos assistidos da escola, recurso que é utilizado até hoje para custeio de uniformes, livros, materiais escolares, lanches e excursões para estudos de campo. Avani Marques, funcionária da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, com quem Izabel trabalhou neste período, ressaltou sua a capacidade de se colocar no lugar do outro e a postura forte – que na verdade já saltava aos olhos durante a entrevista: mancando por causa de uma cirurgia feita recentemente no pé, Izabel ignorava a dor e andava de um lugar para outro, subia e descia escada carregando pacotes e checando listas de presentes.
Campanha dos Correios
Ter personalidade forte talvez não seja necessário, mas disposição é um aspecto essencial para enfrentar a maratona da campanha natalina “Papai Noel dos Correios”, na qual Izabel está envolvida desde 2006. Da triagem das cartas no correio, que inclui a leitura das mesmas, ida às lojas, que nessa época do ano estão lotadas, recebimento de doações, organização e embrulho dos presentes, até a vinda do caminhão para levar os brinquedos “é uma jornada exaustiva”. Porém, Izabel não está sozinha nessas ações. Aproveitando a rede de amigos que fez em vários lugares da USP, as cartinhas que chegam são distribuídas entre colegas, conhecidos e parentes. No mês de dezembro, no segundo andar da SEF, onde Izabel trabalha atualmente a todo o momento, chegam sacos, pacotes e caixas de presentes.
Com a força de agregar e mobilizar pessoas para uma mesma causa, a diretora da SEF quando trabalhou na EEFE, entre os anos de 2003 e 2011, organizou junto com alguns funcionários um bazar beneficente, com doações vindas de professores, funcionários e alunos, cuja arrecadação de fundos era destinada à compra de presentes para as cartas da campanha que não tinham sido adotadas. Márcia Regina de Sá, da Seção de Relações Institucionais e Comunicação da EEFE, lembra que, além de se envolver inteiramente nessas atividades, não era menos dedicada à Universidade. “Sempre manteve seu trabalho em dia.”
Dos tempos na EEFE, também permaneceram parceiros importantes que trabalham incansavelmente até hoje para dar conta do gerenciamento da campanha, que em 2015 chegou a mais de mil cartas. Nas horas vagas do expediente e durante a noite, entram em ação as bibliotecárias Maria Lucia Franco e Regiane dos Santos, que se juntam a outros funcionários da USP, amigos e parentes para fazer parte do mutirão para organizar e embrulhar tudo o que chega. Nem mesmo as filhas, Patrícia e Bruna, escapam da saga. Em pleno domingo, estavam elas na Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, comprando alguns presentes que faltavam.
O critério para seleção das cartas que chegam aos Correios é basicamente atender pedidos “possíveis” de serem realizados, como a solicitação de um carrinho ou de uma boneca. Porém, Izabel conta que já teve cartas inusitadas, como foi o caso de uma mãe que queria uma cadeira de rodas para a filha de 12 anos, que tinha problemas neurológicos e era obesa. Em 2015, a surpresa ficou por conta da doação de 50 bicicletas recebidas de um grupo de ciclistas e que ainda precisam ser embrulhadas uma a uma. No caso do pedido da cadeira de rodas, Izabel conseguiu uma pessoa que fizesse a doação e foi entregar pessoalmente à mãe da criança.
A partir de agora, a contagem é regressiva para a chegada do trenó do bom velhinho, vestido de caminhão dos Correios, para levar os brinquedos e realizar sonhos de crianças que ainda acreditam na vinda do papai Noel na noite de Natal.
Para participar da campanha “Papai Noel dos Correios – ajudando a realizar sonhos” ou obter mais informações, acesse a página no Facebook ou leia a matéria publicada na Sala de Imprensa da USP.