FEA pesquisa crescimento que deixa produto ‘de 1,99’ para trás na Ásia

Compreender os processos de rápido crescimento econômico é o que move os pesquisadores do Programa de Estudos Asiáticos (ProÁsia), da FEA.

Assessoria de Comunicação da FEA

Os caminhos trilhados pelos países do leste asiático mudaram a geografia da produção. Da cópia à inovação, o crescimento econômico da China foi vertiginoso e surpreendeu o mundo. Correndo por fora, vem a Coreia. Buscar compreensão sobre os processos de rápido crescimento econômico é o que move os pesquisadores do Programa de Estudos Asiáticos (ProÁsia), grupo de pesquisa da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP  liderado por Gilmar Masiero, professor de Gestão de Negócios Internacionais e Estratégia do Departamento de Administração.

Reconhecido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), o programa iniciou em 2010 o desenvolvimento de pesquisas e atividades relacionadas ao crescimento econômico, expansão empresarial e aprofundamento da cooperação entre o Brasil e os países asiáticos, por meio de programas e projetos multidisciplinares.

“A língua e a cultura são barreiras que dificultam o entendimento sobre o desenvolvimento do Japão, China e Coreia. A proposta do grupo é mobilizar massa crítica, divulgar estudos e ampliar a discussão justamente para reduzir os gaps. Precisamos utilizar o instrumental teórico e antropológico para interpretar o que vem acontecendo nesses países. A pressão para incorporar a Índia no programa é muito grande e será um outro desafio. O desenvolvimento da Índia é ainda mais complexo, com sua estrutura de castas que não existe nos demais. O Brasil não tem tradição de estudos por áreas geográficas. Mas vamos insistir na análise desse espaço geográfico e procurar pontos em comum no desenvolvimento econômico dos países do leste asiático. Acredito que a USP tem condições de liderar esse esforço”, afirma professor Gilmar Masiero.

O Brasil não tem tradição de estudos por áreas geográficas, mas
vamos insistir na análise desse espaço e procurar pontos em
comum. Acredito que a USP tem condições de liderar esse esforço

Pesquisador com diversos livros e artigos científicos publicados, o professor Masiero foi professor visitante da Universidade de Harvard, da Universidade de San Diego, do Instituto Coreano de Política e Economia Internacional e do Instituto de Economias em Desenvolvimento no Japão. Sua trajetória acadêmica garantiu ao ProÁsia uma rede de parcerias em escolas líderes no Brasil, Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul, Índia, México, Argentina, Espanha e Reino Unido. “O ProÁsia é o principal fórum no Brasil destinado a pesquisadores e outros profissionais formuladores de políticas nas esferas pública e privada direcionado aos desafios existentes na construção de iniciativas entre Brasil e Ásia. Não é um problema de língua, mas de estudar com profundidade”, afirma.

Seminários

A realização de seminários internacionais com a participação de pesquisadores, especialistas e autoridades asiáticas tem contribuído para despertar o interesse sobre o desenvolvimento dos países do leste asiático. Esse ano, em maio, Shaowei He, pesquisador da Northampton Business School, apresentou a palestra Chinese Innovation Giants and Implications for the Global Economy, destacando a posição da China no ranking mundial de patentes, os centros de pesquisa e os investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

“Nas últimas três décadas, a China registrou um crescimento anual da ordem de 10% ao ano. A baixa qualidade dos produtos a R$ 1,99 está na parcela menos significativa da produção chinesa. O que existe de engenharia reversa também está ficando para trás. O avanço da tecnologia própria é surpreendente e ainda desconhecido do grande público”, diz professor Masiero.

Produtos a R$ 1,99 estão na parcela menos significativa da
produção chinesa. O avanço da tecnologia é
surpreendente e ainda desconhecido do grande público

Em agosto, foi a vez da Coreia, com o seminário Korean Industrial Policies,Trade and FDI Learning from Successful Experiences. Seung Won Jung, diretor do Banco de Desenvolvimento da Coreia do Sul no Brasil e professor da Younsei University, falou sobre a evolução das políticas industriais. O potencial de crescimento das relações comerciais entre a América Latina-Brasil e a Coreia foi analisado por Won Ho Kim, doutor e dean da Universidade do Texas-Austin e professor da Hankuk University para Estudantes Estrangeiros. Graduado em Direito pela USP e professor da mesma universidade, Hee Moon Jo destacou, em bom português, os entraves que impedem a expansão dos investimentos coreanos no Brasil.

Nos anos 1940, a Coreia era um país
pobre. Em 60 anos se tornou o nono
exportador mundial. O que aconteceu?

“Nos anos 1940, a Coreia era um país pobre. Em 60 anos se tornou o nono exportador mundial. O que aconteceu? Esse resultado tem a ver com a cultura do país? Na verdade, a cultura é só um dado que precisamos conhecer. O que os países asiáticos fazem no contexto cultural é que precisamos entender. Política é mais importante do que a cultura”, afirma professor Masiero.

As linhas de pesquisa do ProÁsia abordam arbitragem internacional, desenvolvimento sustentável, economia chinesa contemporânea, internacionalização de empresas brasileiras e asiáticas e investimento direto estrangeiro e comércio internacional.

Do Jornal Gente da FEA

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