Ser TãoTrio, da ECA, inova na execução de repertório popular e regional

Ao som da rabeca, da viola e do violão, trio formado por alunos da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP faz uma leitura própria de canções populares e regionais.

Música Popular Brasileira. Popular no sentido de povo. A valorização da cultura regional e suas especificidades. Entender cada região do Brasil a partir de sua música. Esta é a proposta da banda Ser Tão Trio, formada por alunos do Curso de Música da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP.

Composto por Bruno Sanches (viola de dez cordas e voz), Bruno Menegatti (rabeca e viola de arco) e Giovanni Matarazzo (violão), o grupo tocou, na tarde desta terça-feira (25), parte de seu repertório no Instituto de Quimica (IQ) da USP. A apresentação foi um mix de três shows temáticos que o Ser Tão Trio normalmente apresenta: A Música Autoral, Beatles Violado e A Música Caipira e Nordestina.

O espetáculo

A banda sobe ao palco já tocando uma música própria, São Gonçalo, composta por Bruno Sanches em homenagem ao Santo protetor dos violeiros e das prostitutas, como um dos artistas relata. Em seguida apresentam duas músicas dos garotos de Liverpool, Eleanor Rigby (apenas instrumental) e When I’m Sixty Four (com voz) e faz com que alguns dos presentes se arrisquem a balbuciar a canção junto com a banda.

A segunda metade do show foi dedicada a músicas mais regionais, desde a sul mato-grossense Corumbá, de Almir Sater, até Mercedita, cantada nos pampas gaúchos e argentinos – esta última, inclusive, entoada em português e espanhol.

Enriquecendo as apresentações, o Ser Tão Trio traz, no início ou no final de cada música, uma contextualização cultural, explicando as origens dela, curiosidades sobre a autoria e a representatividade que a canção tem para o povo de sua região. Segundo Sanches, essa é uma preocupação muito grande da banda, pois dá uma unidade para o show. “As músicas e as sequências são pensadas para isso”, afirma o artista, ressaltando que nos shows que apresentam dentro de um único eixo temático, tal característica é destacada.

Após o término da apresentação e uma esfuziante salva de palmas, alguns dos espectadores vão conversar com os artistas. “Vocês são a extensão do instrumento!”, comenta uma funcionária do IQ, em suas próprias palavras,  “impressionada”. Assim como outros ouvintes empolgados com o trio, dizendo já aguardar novas apresentações.

Conheça um pouco da música do Ser Tão Trio no vídeo a seguir:

Origens e formação

O nome da banda surgiu de um trocadilho com as palavra “sertão” e “ser tão”, que seguido pela quantidade de integrantes, demonstra a união entre os artistas. Assim, “Ser Tão Trio” evoca não só o estilo musical da banda, mas também a amizade dos músicos.

Eles se conheceram na USP e começaram a tocar juntos na disciplina “Laboratório de Música de Câmera” (LAMUC), ministrada pelo professor Michael Alpert – grande incentivador das apresentações externas dos alunos.

Bruno Menegatti conta que antes de Alpert ministrar esta aula, os alunos ensaiavam o ano inteiro para no final apresentar a uma banca de professores e só – ou seja, não apresentavam o fruto de seus trabalhos para um público amplo e externo ao departamento. Para mudar esta rotina, o docente mudou o docente incentivou os alunos a produzirem um espetáculo e, também atribui nota a essa iniciativa.

Outros grupos também se formaram assim, com estilos eruditos, líricos, de jazz, e de choro, entre outros. “São  45 grupos no total, com destaques para seis ou sete que fazem muitas apresentações, com características praticamente profissionais. O Ser Tão Trio faz em média 12 shows por mês” afirma o professor.

Memórias

O histórico dos três artistas dá sentido à expressão “nascidos para a música”. Ou pelo menos, com tudo para que a presença desta arte fosse marcante. Bruno Sanches vem de uma família de violeiros. “Minha mãe sempre tocou e a família inteira do meu pai toca também”, diz. E relembra:

“No meu aniverário de um ano, o bolo era em forma de viola e a lembrancinha era uma caixinha em formato de violão.”

 

Sanches só começou a estudar mesmo aos 12 anos, um ano antes de Giovanni Matarazzo, que apesar de não ter músicos na família, conta que sua tia jogou o primeiro pedaço cortado de sua unha, ainda quando bebê, dentro de um violão.

Bruno Menegotti também não tem músicos na família, mas começou a estudar bem cedo, assim como seus colegas. Hoje cursa o mestrado na ECA pesquisando músicas folclóricas na Bahia.

Próximos desafios

A banda está em fase final de gravação de algumas músicas que, assim como o show de hoje, são um mix de seus repertórios. O objetivo é que no ano que vem seja possível a produção do disco em larga escala para venda. Projetam, ainda, continuar a escalada de shows.

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