Terapia Fotodinâmica pode ser usada para tratar melanoma

Terapia foi testada em laboratório em células cultivadas por meio do Método de Levitação Magnética.

Testes em laboratório realizados no Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP demonstraram que a Terapia Fotodinâmica (TFD), metodologia que consiste na associação de três componentes — luz, fotossensibilizador e oxigênio molecular presente no tecido a ser tratado — poderá ser aplicada no tratamento de melanoma (câncer de pele).

A pesquisadora Larissa Satiko Alcântara Sekimoto, integrante do grupo, desenvolveu testes de TFD em células de melanoma, cultivadas por um modelo de cultura tridimensional (ou de tecido in vitro) que é chamado de Método de Levitação Magnética e que foi criado há alguns anos nos Estados Unidos.

Em busca de um possível tratamento via TFD para pacientes que têm melanoma, Larissa, que foi orientada pela professora Cristina Kurachi, do IFSC, desenvolveu testes in vitro em tumores de melanoma, obtidos a partir do já citado Método de Levitação Magnética. A técnica foi criada em 2013 por Glauco Souza, pesquisador brasileiro que atua na Rice University (Estados Unidos), em conjunto com alguns colaboradores, e trazido ao IFSC por Luis Gustavo Sabino, pesquisador do Grupo de Óptica que visitou a universidade norte-americana, onde aprendeu o uso da técnica que permite obter modelos de tecido ou tumor in vitro em aproximadamente 24 horas.

Ao contrário do cultivo convencional em monocamada, no qual as células se aderem em garrafas de cultura celular, a técnica de cultivo tridimensional, como a de levitação, permite predizer melhor eventos in vivo, pois o crescimento celular se assemelha ao de um tecido natural. “No organismo, as células cancerígenas também crescem tridimensionalmente. Assim, a ação de um dado composto, como a de um fotossensibilizador, é influenciada por sua difusão dentro de um tumor sólido, o que interfere no tratamento de doenças como o melanoma”, explica.

Para que as células malignas se comportassem como se estivessem no organismo humano, elas foram incubadas juntamente com nanopartículas ferromagnéticas e, com a utilização de um ímã (conhecido como neodímio), levitaram, formando os tumores de melanoma. Em seguida, os tumores foram incubados com Photodithazine (molécula fotossensibilizadora que foi aplicada em uma concentração não tóxica) e receberam a aplicação da TFD.

Terapia Fotodinâmica

Nos testes in vitro, Larissa aplicou a Terapia Fotodinâmica em tumores com espessuras diferentes. Quando forneceu a iluminação com o LED (light-emitting diode) em um tumor de oitenta micrômetros, a molécula fotossensibilizadora foi excitada, causando 90% de morte tumoral. Ao ter aplicado o tratamento em um tumor com espessura um pouco maior (cento e trinta micrômetros), essa porcentagem caiu para 80%. “Esses resultados são promissores, porque, não só observamos uma distribuição mais homogênea do Photodithazine nos tumores de melanoma, para garantir que o tratamento da doença não fosse parcial, como também analisamos indícios de grande desagregação e morte tumoral”, diz a pesquisadora do IFSC.

Apesar de essa taxa ter diminuído em 10% durante a aplicação da TFD no tumor um pouco mais espesso, a porcentagem de morte ainda possui um valor positivo. Um dos próximos objetivos de Larissa Sekimoto será estudar a aplicação de maior número de sessões de TFD necessárias para o possível tratamento, tendo em vista que ambas as taxas de morte tumoral resultaram de uma única sessão de aplicação da Terapia.

Segundo Larissa, por se tratar de um estudo in vitro, outras pesquisas em modelos animais e clínicos deverão ser desenvolvidas, para se definir um protocolo de tratamento do melanoma via Terapia Fotodinâmica. Contudo, de acordo com a jovem pesquisadora, os resultados citados acima permitem um melhor entendimento da terapia em um tumor sólido de melanoma e indicam indícios promissores da aplicação de Photodithazine para o tratamento dessa doença.

O melanoma é o tipo de câncer de pele mais agressivo que se origina no crescimento anormal dos melanócitos, células que produzem a melanina (composto), que por sua vez é responsável pela pigmentação da pele. Por esse motivo, geralmente as manchas causadas pelo melanoma têm coloração marrom ou preta, contudo, em alguns casos, elas podem ser rosa, bege ou branca. Embora possa se desenvolver na pele de qualquer região do corpo, na maior parte dos casos, o melanoma surge no tronco (comum em pacientes do sexo masculino), nas pernas (comum em pacientes do sexo feminino), no pescoço e no rosto. Raramente, o melanoma também pode se originar em outras regiões corporais, como nos olhos, na boca e nos órgãos genitais.

O tratamento desse tipo de câncer de pele varia de acordo com o estágio da doença. A excisão cirúrgica (remoção da pele) é o método principal para tratar a patologia, seguido pela quimioterapia e a radioterapia. Quando o nível desse câncer está bem avançado, são raras as chances de se curar o melanoma, uma vez que, no estágio quatro da doença, por exemplo, as células malignas se espalham por outras partes do corpo do paciente. Nesse caso, o tratamento ajuda apenas no alívio dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida.

Da Assessoria de Comunicação do IFSC

Mais informações: (16) 3373-9770

 

 

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